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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Praia do Forte.

Depois de quase um mês tentando marcar, tentando achar a melhor data para a maioria das pessoas envolvidas, juntando economias, fazendo cálculos de gasolina e pedágio, preparando os setlists dos veículos automotivos e tudo o mais, eis que enfim fomos passar o dia em Praia do Forte! Com direito a cerveja gelada, água de coco, bolinho de peixe do Souza (oitava maravilha!), banho de mar, sorvete de kiwi, muita preguiça, muita conversa fiada, bastante tempo juntos e um fim de noite na casa de Carly comendo pizza de mercado que custa 4,99 e tem gosto e cheiro de chulé. Hoje posso sentir a vermelhidão que antecede as bolhas do meu pé, todo queimado na sola, delícia - não sei que tipo de gente consegue queimar a sola dos pés. Enfim, um dia daqueles em que o lugar é lindo, a comida é boa, a turma é unida, a piada é engraçada, a diversão é garantida e as lembranças dão saudade.

Vamos as fotos. (pode clicar que aumenta!)


Aquecimento na casa de Carly - teve um pessoal que achou que era pra comemorar reveillon antes da hora...



Tem gente que é lady e usa cintinho pra marcar a cintura até em saída de praia.


"Minha cara, a senhora pode parar de tirar fotos? É que me incomoda..."


Bolinho de peixe DELICIOSO do Souza.


Uma pausa para o ar de mafiosa.


Um lugar muito chato, com umas pessoas muito chatas.


Turista que é turista tem que pagar mico.


Nati se sentindo em casa na hora do almoço.


Vimos Crocs e nos lembramos de Nino!


Um casal de baianos arretados.


Eu e Celo


Eu e i-Carly


Sou a feliz proprietária de uma farmácia...


Tomando um sorvetinho no calor de mil graus da Bahia



Todos nós felizes e cansados após um dia de farra.


ps. Pode fazer aquelas coisas de blog de moda que diz de onde é a roupa e tudo o mais? hahahahahaha. Então, top Maria Filó, blusa Dress to, bermuda Luigi Bertolli, sandália Couro & cia, bolsa Blue Man, chapéu Chilli Beans (de Marcelo!), batom Rosa Shock da Arezzo, pulseira que Naty me deu de presente, brinco Cardiff e óculos 25 de Março! Rá! =P

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

mudar é preciso.

Fui cortar o cabelo e eu queria cortar muito e fazer channel e tudo o mais. Resultado? Saí de lá com esse cabelo - que gostei mas que estou aprendendo a amar e administrar e convencer meu irmão a fazer o mesmo, e, tipo assim, vendi o cabelo que cortei! =O


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

teste de filhitude




eu nunca fiz balé. falo palavrão. adoro meus amigos homens. não sei muito bem andar de salto. assisto futebol. descobri a maquiagem aos vinte anos. e apesar de tudo isso, é um fato que eu quero ter filhas mulheres. preferencialmente duas, Alice e Olívia. quero filhas de vestidinho e laço, sabe como é? quero colocar minhas filhas no mundo pra serem mulheres retadas e lindinhas, lógico.

essa semana percebi três testes de aptidão para ser mãe de menina e estou com medo. do primeiro eu seria plenamente capaz. mas no segundo? já saí de lá avisando pra minha mãe que ela que ia segurar as duas nenêns nesse momento. no terceiro, minha mãe disse que eu era ridícula. (mas ela não esconde que curte bem mais ter filho homem, de qualquer forma)

teste 1: na escola do meu irmão teve uma festinha com teatrinho do Mágico de Oz e todas as crianças estavam fantasiadas - meninos, a depender da idade, estavam vestidos de leão, homem de lata e espantalho (o meu era o espantalho mais lindo!) enquanto as meninas estavam de dorothy, com o famoso sapatinho vermelho. percebi que uma amiga de guga, estava com o sapato branco todo pintado de glitter vermelho, enquanto que uma outra tinha o sapato branco todo preenchido por lantejoulas vermelhas. se você pensa em ter filha mulher, pense de novo: no meio das suas tarefas, obrigações e compromissos, você passaria tempo colando brilhos vermelhos no sapato de sua filha, fazendo disso uma prioridade? eu faria, feliz da vida, fato. fato.

teste 2: levamos meu irmão pra cortar o cabelo em um salão infantil em que eles também furam as orelhas das menininhas recém nascidas. enquanto eu estava sentada vendo ele jogar playstation e cortar o cabelo, entrou uma neném de seus oito meses, toda de rosinha, com uns olhos azuis e deitou no colo da mamãe. primeira furada: gritos, choros e soluços. chorou a mãe da neném, chorou a mãe da neném que ia furar a orelha depois desta neném, chorou a neném e chorei eu. não sei se tenho culhões para segurar minhas filhas enquanto fazem os furos na orelha. vocês teriam?

teste 3: a lembrancinha de um aniversário de uma das coleguinhas de guga (cujo tema foi, obviamente, "princesas") foi toda feita artesanalmente: sacolas com flores feitas com recortes de papel, doces enfeitados um por um - inclusive o leite condensado em forma de tubo de pasta de dente - com recortes de coração, bolinhas, flores, coisas rosas e delicadas. tudo feito a mão. sei lá quantos a mãe fez a mão. só sei que eu faria. não importa que minha mãe diga que hoje em dia, no mundo real, já existem lembrancinhas que vem prontas. eu faria mesmo. assumo.

como exemplo extra, vou dizer que a mãe querida de um amigão meu é um exemplo de mãe de menina. quando a filha dela foi fazer chá de cozinha e casar, ela quis tudo em tons de verde e não achou em nenhum buffet disponível exatamente da cor que ela desejava. resultado? mamãe costurou todas as toalhas de mesa do chá de cozinha. mamãe costurou aquele pano que se estende na igreja. mamãe arrumou todos os arranjos das mesas e também o buquê do casamento. eu não faço ideia de como se costura, mas acho que eu aprenderia.

ninguém disse que ser mãe de menina era fácil né? mas acho que eu vou adorar aprender.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

siricotico emocional.



essa é EXATAMENTE a minha filosofia de vida, e quando isso que eu detesto acontece, aí começam todos os meus siricoticos emocionais hards.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Assertiva, eu?




Aí minha mãe filou aula e fomos passar quatro horas de nosso dia na reunião de condomínio. A pauta de hoje interessava bastante e era preciso fazer valer a chance de votar e tudo o mais (eleições feelings). Eu achei que seria um saco, considerei até levar um livro, mas olha, como boa admiradora dessa instituição chamada pessoa-humana que sou, me surpreendi com o quanto eu me diverti nessa reunião. Li tantos livros de Agatha Christie que fiquei pensando lá, naquela reunião de dezoito pessoas - "se aqui ocorresse um crime, quem seria o assasinado? e o assasino? e quais as motivações?" - o bicho tava pegando tanto por lá que eu achei várias respostas possíveis para a minha indagação sem pé nem cabeça.
De qualquer modo, era uma experiência riquíssima: senhoras de maquiagem azul e salto alto sentadas em cadeiras de plástico, senhores muito (realmente muito) grosseiros, moças muito gentis e advogadas chatas (óbviZzzZZz ne? que pleonasmo).
Sabe, eu juro que eu não sei o porque de eu fazer essas coisas... veja, eu sou uma pessoa extremamente pacífica, devotada a paz eu diria, realmente desejosa de uma vida estável e tranquila e nenhum pouco predisposta aquela máxima de que no fundo as mulheres querem adrenalina na vida e por isso se envolvem com os cafajestes e todo o tipo de escolha errada - definitivamente, se existe um padrão em que eu não me encaixo é esse: não quero adrenalina nenhuma. Queria viver numa diplomacia eterna, agradando gregos e troianos, num mundo em que as pessoas chegassem a decisões razoáveis, com facilidade. Eu detesto discutir. Eu detesto demonstrações de argumentos ideológicos e processos de convencimento. Eu detesto gente que tem prazer em discutir. Eu detesto fanatismo.
Contudo, ao mesmo tempo, existe algo em mim que se rebela, que antes que eu pense, está empinando o nariz e parecendo maioral e tão seguro que eu nem sei de onde veio - e eu me vejo, erguendo a mão, pedindo a palavra e falando. Falando em público, com toda elegância que eu puder alcançar, com o tom mais rouco da minha voz, sem gaguejar, com as palavras mais bem escolhidas: falando e alfinetando algúem. Sabe, eu realmente não gosto de gente grossa. Não sei como me portar quando as pessoas são indelicadas, e hoje alguém resolveu ser indelicado com a minha mãe na reunião de condomínio. É por coisas como essa que é tão difícil viver em coletividade, as pessoas simplesmente carecem de bom senso. E eu, quando vi, era a pessoa mais nova da reunião, dizendo a um monte de gente muitíssimo mais inteligente e bem sucedido do que eu, que pelo amor de Deus, tivessémos um grau mínimo de razoabilidade, que éramos todos adultos ali e que era muito importante que fossêmos para a reunião sem opiniões pré-concebidas, porque precisávamos ter a mente aberta para que pudessémos receber as sugestões dos outros, aquelas sobre as quais nunca tinhamos debruçado nossos pensamentos e que também, justamente para que tivessemos essa flexibilidade era obrigatório que não agíssemos como fanáticos ou como crianças mimadas - cada um tinha direito ao seu próprio voto e nada se podia fazer a não ser pensar sobre as propostas e tomar decisões coerentes, porque afinal, o que carecesse do voto de 50%, com 50% estaria decidido, e o mesmo com 2/3 ou com 100% de aprovação.
Sabe, eu juro que não me dei conta que eu estava falando isso para pessoas mais velhas e mais espertas do que eu, meus vizinhos que verei quase todos os dias, especialmente para alfinetar um deles. Quer dizer, de onde veio essa pessoa que não sou eu? Porque ela sempre vem? Bom, saí da reunião sendo a melhor amiga da síndica e da sub-síndica que me abraçaram furtivamente para falar sobre o quanto eu me expressava bem e que quem sabe futuramente eu não seia síndica? (queridas, me vejam fazendo um gráfico algum dia e repensem isso, ok?)

Mas sabe, eu estava lá falando em público super confiante e agora estou me lembrando que minha terapeuta cognitiva passa deveres pra casa e eu meio que não fiz o dessa semana. Ok, eu fiz 50%. Uma parte dele consistia em fazer uma lista com as pessoas que me dão suporte na vida e dar graduações da satisfação que eu sentia (ou não) com a reciprocidade de nossos relacionamentos. Essa primeira parte casava muito bem com a segunda tarefa: ler capítulos específicos de um livro que ela me passou, sobre como falar assertivamente com as pessoas sobre as coisas, como deixar claro o que/ porque/ como eu me machuco e o que eu sinto ao invés de fugir pro meu casulo e ficar em silêncio e de pijama por quatro dias. E aí eu me dei conta que estou com nojo, asco, pavor de uma situação absolutamente risível e que nem é da minha conta e que eu nunca vou falar pra a pessoa que eu estou revoltada com isso. Nunca. Não tem jeito, eu acho que sou mesmo essa gazela que foge, silencia, fica estranha, sacode a cabeça, não socializa. Não sei. Não sei ser assertiva. Não sei pedir. Não sei expressar. Não li os capítulos e não estou colocando em prática o meu dever de casa, que deveria ser: ligar para a pessoa e explicar o inexplicável.. "então, sabe, eu surtei e sumi porque eu sou uma maníaca ciumenta e eu odeio a ideia que você não sabe escolher amigos e me abandona enquanto valoriza esse tipo de gente e isso me aborrece tanto e eu me sinto um nada na sua vida..." (já citei que eu sou mandona? e que eu sou dramática?) mas ao invés disso, eu fico aqui, parada, distante, em silêncio, deixando a pessoa imaginar o que diabos está acontecendo.

Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, Gabriela ou a assertividade guiará meus próximos dialógos?

"já se teve tudo e não se quer mais nada"

Confesso que não conheço quase nada de Clarice Lispector - digo isso meio sem vergonha, mas sem querer ser indie. O que conheço dela são essas frases, trechos, que são muito bons e que vejo pela internet. Sei que ela acabou virando "modinha" mas a verdade é que não conheço muito dela porque todas as vezes que tentei a ler, não consegui, por uma incapacidade minha enquanto leitora que prefere textos mais preguiçosos ou fáceis - então, meu quase não conhecimento da Clarice não é uma oposição a modinha-Clarice tentando ser modinha-não-clarice, sabe? Modinhas, de forma geral, me dão preguiça. De todo modo, o livro que li da Clarice foi "Correio Feminino" que comprei numa feira do Livro, uns anos atrás. O livro em si não é uma história mas sim um conjunto de dicas voltadas para o aspecto feminino da época: basicamente, como cuidar da casa, das roupas, da beleza, da maquaigem, de si-mesmas e dos casamentos. Até Clarice Lispector tinha sua mulherzice, vejam só. De qualquer modo, no final do livro tem alguns contos e é um deles que eu transcreverei - aos pedaços - aqui.
Porque sabe, eu não tenho saído muito. Na verdade, é por isso que eu não tenho escrito nada - não tenho ido ver, viver, sentir, pensar. Meu dia se resume entre ler livros de Agatha Christie e assistir Glee e sabe, dessa vez eu nem estou triste, muito pelo contrário até, estou conseguindo redescobrir magia em algumas coisas das quais eu estava descrente e tudo o mais, acho que é só uma vontade de ficar sozinha, de ficar em mim, de não ter que fazer coisas, obrigações, compromissos, atenções, conversas, sabe? Estou pensando em coisas boas, que me tragam uma certa quietute. Não sei, tentei aprender a tocar violão mas é tão difícil - confesso sem jeito que sou dessas que desiste de primeira, não tenho muita paciência para aprender, gosto do que já sei. Penso em aprender a cozinhar, bolos quem sabe, mas também não sei, me parece que até para aprender é preciso ter um piso inicial e é como se isso eu nunca tivesse. Estou numa espécie de retraimento. Um morar em mim. Não sei. Acho que estou justificando porque esse espaço tem estado tão em branco, tão de lado. Está tudo bem. De verdade. Acho que só preciso de um tempo. Ser minha, sabe? De qualquer modo, já falei demais. Deixa a Clarice falar - de qualquer modo, não vai o texto na íntegra, então, estou pulando paragrafos e fazendo parecer continuos, trechos que não o são de fato, quem quiser, procura o texto inteirinho. Acho que ele explica a relevância desse canto, desse blog-diário pra mim, de como chego mais perto de mim através desse distanciamento de escrever, talvez.


"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro exatamente por que disse, mas disse com sinceridade. (...)
É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso, do qual é impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva.
Escrever é tentar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o fim o que permaneceria apenas vago e sufocador.
Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.
Pena que só sei escrever quando espontaneamente a "coisa" vem. Fico portanto à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem passar anos. Anos de carência. (...)
Falei em carência. Pior que carência é o súbito cansaço de tudo. É uma espécie de fartura, parece que já se teve tudo e que não se quer mais nada. Cansaço, por exemplo, dos Beatles. E cansaço também daqueles que não são os Beatles.
Cansaço inclusive de minha liberdade íntima que foi tão duramente conquistada. Cansaço de amar um homem e de repente ver que ele não merecia esse amor: ele era grosseiro, arrogante e covarde. Melhor seria o ódio.
O que me salvaria dessa impressão de fartura - é fartura ou uma liberdade que está sendo inútil? - seria a raiva. Não uma raiva amorosa, que existe. Mas a raiva simples e violenta. Quanto mais violenta, melhor. Raiva dos que não sabem de nada. Raiva também dos inteligentes que "dizem coisas" para se mostrar. (...)
Ser gente me cansa. E também tenho raiva de sentir tanto amor inútil."


Clarice Lispector, em "Me dá licença, minha senhora.", no livro Correio Feminino.