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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

delicado

um amor assim delicado você pega e despreza. não devia ter despertado. ajoelha e não reza. dessa coisa que mete medo pela sua grandeza não sou o único culpado, disso eu tenho a certeza.

para as crises, amor.

tem realmente muitas coisas que eu queria escrever, agradecer, refletir, deixar marcadas aqui nessa minha espécie de diário, mas olha, desde ontem eu tenho passado mal como se não houvesse amanhã. não sei porque eu guardo meus sentimentos reprimidos no estômago - realmente não sei, mas até que eu ando me virando bem com esse dado da realidade. acho que não tem muito jeito, quando uma coisa acontece muito na nossa vida, a gente aprende a viver com ela da maneira mais natural que for possível, porque não dá pra viver de escândalos nem de crise em crise como se crise fosse porto-seguro. mais alguém aí sabia que quando a gente aceita passar mais de quatro meses de nossa vida em crise é como se instaurassemos na nossa mente que o correr natural da nossa vida é a crise? é mais ou menos daí que paramos de dizer que estamos bem e introjetamos o discurso que estamos levando. bem triste isso né?

mas sabe, dor de estômago, crise, dúvidas... hoje eu só quero olhar pra essas fotos do meu aniversário e me lembrar da felicidade linda que eu senti nesse dia (algum dia que minha saúde se apresente com qualidade preciso falar mais dessas surpresas lindas que minha "estrutura grupo" (/gíria de pedagoga) me proporcionou no dia 26/09. por enquanto, deixo as fotos desse lindo dia e dessas lindas pessoas aqui pra eu me lembrar de porque todo dia vale a pena vencer essa dor de estômago louca.
(clica nas fotos que elas aumentam)


Cupcakes lindos, temáticos e gostosos da Chantilly!



Eu, naty e nossas clogs - confesso que me sinto fashion victim, mas até que tô achando a danada bonita (devo me preocupar com isso?). e olha, confesso que eu curto tanto moda que tenho que me segurar pra não fazer aquelas tags "look do dia". hahahaha


Xuxu linda! :)


Celouco!


amor em forma de foto.


pedro lindo hijo que "parece uma bolinha amarela"



Livinha e Nana - amigas novas que chegaram via Greader. Quem disse que internet afasta as pessoas?



Surpresa (parte 1) - "olha Gufi, quadro de fotos e recados bem lindo... Olha a Xuxa falando "Anham Claudia!"



Hora da surpresa (parte 2) - "calma ju, só pode olhar quando o pessoal técnico conseguir resolver as pendências do vídeo..."



Esse dia foi tão lindo. Melhor que as expectativas. Pena que @sobaminhalente tem problemas para entender que no baleado não pode dar rolete nas amigas. Pena mesmo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

emails velhos, sentimentos novos



definitivamente, sou uma pessoa crítica. poderia até dizer - que seria cabível e coerente - que meu hobby das horas vagas é procurar defeitos em mim mesma, me queixar bastante deles, mostrar para mim como eu deveria ter feito tudo diferente naquela situação e morrer de culpa depois. por horas. dias. meses. anos. tem coisas que eu sinto culpa que, sei lá, são de cinco anos atrás? pois é. essa sou eu. senta aqui quem tem paciência.

mas hoje, eu estava sem fazer nada e resolvi ir mexer nos meus emails antigos e a partir daí pude concluir coisas realmente incríveis - as vezes eu penso em mim, na minha adolescência, com essa pouca condescendência que eu reservo pra mim mesma, penso em mim como alguém que era infantil, boba, ingênua, apaixonada, sem noção, alguém que não sabia nada mas hoje, relendo os emails dos amigos, dos namoradinhos, dos amigos virtuais eu me dei conta de que eu era uma pessoa mais aberta, mais tranquila, mais extrovertida, mais dada a viver com intensidade e coragem as coisas do mundo, mais ousada e mais clara com relação aos meus sentimentos do que eu sou agora. embora, inevitavelmente, por outro lado, hoje em dia eu seja mais madura, mais calma, mais racional, tenha mais certeza dos meus sentimentos, saiba me expressar com mais clareza e tenha mais paciência e menos desespero além de um senso muito maior de independência. e confesso, passei anos tentando mudar, mas a essência sentimental permanece intacta dentro de minha rígida casca.

de qualquer forma, foi uma surpresa MUITO agradável reler os emails. achei que eu ia ficar mal e coisa e tal, mas não foi nada disso. foi muito gostoso ver as coisas que eu vivi, como eu me diverti, como eu me permiti amar e ser amada, fazer burradas, dar risadas, falar sobre como eu me sentia.

sabe, tinha uma coisa que eu tinha culpa de toda forma e mesmo depois de quatro anos de análise eu continuava me cutucando com isso (acho que ainda me cutuco, não sejamos tão otimistas). e agora, depois de futucar essa caixa de emails, eu tô me sentindo bem pra caramba, completamente feliz e orgulhosa de mim, parecendo que alargou dentro de mim uma capacidade de me amar e de me compreender exatamente que há muito não aparecia - reli um email que eu mandei há mais de três anos e percebi coisas muito legais e maduras e uma postura de conciliação, reconhecimento de erros e clareza dos próprios desejos que a eu de hoje em dia reconheceu e admirou - confesso que fiquei pensando "mas meu Deus, como eu tive coragem de ser assim tão transparente?". em compensação, uma pessoa que eu trago na mais elevada estima, se despedia da minha caixa de emails com uma resposta digna de criança birrenta e zangada. e me deixando cheia de culpa.

o que eu tenho pra falar? querida juliana de seus dezesseis, dezessete anos, me desculpa quando eu não me ligo, mas ás vezes ó, vou te contar, as vezes você é do caralho. ás vezes eu fico besta com as coisas bonitas e corajosas que você arranja jeito de fazer.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

solta o som, dj

Dois caras geniais, juro que vale a pena vencer a preguiça e dar o play e ouvir o que essas letras estão dizendo.

Na minha insônia da madrugada (minha nova moda é dormir 3/4 horas por noite e explodir de dor de cabeça e mal humor o resto do dia), bem aquele momento em que você fica pensando nas coisas que você não deve pensar, enquanto o Arnaldo explicava pro mundo como é que eu estava me sentindo, o Zeca trazia as palavras do Sérgio pra me acalmar, pra dizer que não adianta tanta coisa assim. "Então pra quê, chorar? Então pra quê chorar? Quem tá no fogo está pra se queimar."
É verdade, eu sou dessas que se consola com qualquer verdade convincente a qual eu possa me agarrar. Mas pra mim, o Arnaldo tá explicando que distância não é algo só geográfico e tangível no mundo concreto, mas sim um conceito muito mais abstrato pra explicar como nos sentimos e onde é que nos sentimos, enquanto as palavras que o Zeca cantam acalmam as do Arnaldo, mostram pra ele que não existe esse controle todo, que não adianta ficar daquele jeito...

Arnaldo Antunes cantando "Longe"



Zeca Baleiro cantando Sérgio Sampaio, "Não adianta"

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

tempo tempo tempo tempo



Hoje eu comecei a terapia nova. Desde Janeiro eu tava a toa na vida esperando meu amor me chamar pra ver a banda passar tocando coisas de amor - ninguém chamou, nada tocou, sem banda nem música de amor, nem gente alegre, nem moça feia. Sem inspiração. Passei sete meses empurrando os dias, esticando a preguiça e não-lutando contra a inércia. Me decepcionei, tive o pior semestre da minha vida estudantil na faculdade e quando as coisas começaram a degringolar muito e de vez, me convenceram que era hora de dar um tempo e fazer alguma coisa mais providencial do que ficar me segurando na bóia para não afundar, sabe? Talvez fosse hora de nadar e chegar na praia e construir castelos e dizer "porra, isso tudo faz um tremendo sentido. que maravilha né?". Talvez fosse tempo de abrir mão do bolsa - depressão que a querida Fabiane cunhou aqui.

Faço vinte e dois anos no domingo - obviamente estou numa crise inevitável, dessas que meu professor maravilhoso do curso de sistêmica diz que são as crises esperadas da vida, as crises que vem nas fases definidas da vida, ou seja, se nos anteciparmos com sabedoria a elas, já saberemos que virão e virão. Adoro quando ele diz que "entrar em crise é reagir normalmente a um fato anormal". Quem é humano sabe como hoje em dia esse lance de reagir normalmente é visto anormalmente. Várias crises com esse aniversário. Várias crises com esse adultecer. Várias crises com esse não saber o que fazer dos dias, semanas, meses, anos, planos, acontecimentos, coisas, histórias.. várias crises com esse não saber o que fazer da vida e com tanta gente dizendo o que é que eu devo fazer.

Mas aí, tomando banho pra me arrumar pra esperar minha carona chegar, eu me dei conta. Arrumo Grandes Outros fodidos nessa vida, é verdade. Mas, quatro anos atrás, eu era uma garotinha que tinha horário pra chegar em casa e um namorado que reclamava horrores disso e a criticava sempre que podia. Hoje em dia eu já atropelei um cara. Já passei em uns cinco vestibulares. Já fui convidada pra escrever numa revista de psicologia. Já tive meningite. Já terminei cinco namoros. Já fiz quatro anos de análise. Já larguei uma faculdade. Já aprendi a dirigir. Já trabalhei. Já tomei conta do meu irmão pros meus pais viajarem.
Hoje em dia eu sou uma garotinha colocando os dois patinhos na lagoa, que depois de dar o dinheiro pro irmão sair com a babá e o amiguinho, depois de um dia todo de aula e de terapia, vai ali com os amigos passear sendo que tem aula amanhã e sabe que ninguém comanda sua hora de voltar pra casa ou sua responsabilidade de comparecer a faculdade amanhã a não ser ela mesma - ainda que em passos pequenos, será que eu tenho o direito de ir me parabenizando por estar andando pra frente?
Será que algum dia eu vou me permitir ao invés de ficar me cobrando sempre mais e mais e mais e todo o esperado pra a minha idade e pra além dela, eu vou poder comemorar as coisas que eu já fiz?


"As coisas que ganhei/ nenhum troféu / como lembrança / pra casa eu levei.
As coisas que perdi / essas sim / eu nunca esqueci/ eu nunca esqueci."

Pato Fu.

sábado, 18 de setembro de 2010

guga e as eleições

quando um carro aparentemente feito com folhas de bananeira com um barulho incrível repetindo um jingle sem parar saindo do som de uma espécie de grande jacaré de pelúcia (era o carro de algum candidato a deputado eu creio) parou atrás de nós numa sinaleira que não abria nunca, Guga me perguntou o que era aquilo, que música era aquela e tudo o mais. como já discutimos a escravidão certa vez, achei que o certo era explicar pra ele que estavamos vivendo um processo de eleição pra presidente, que se ele se lembrasse bem ele ia achar na cachola alguma conversa sobre nosso presidente Lula e que agora nós íamos escolher outra pessoa pra ser presidente. ele queria saber como se votava (o que foi fácil de explicar mais ou menos, graças ao processo comparativo de que na escola dele, as sextas os meninos e as meninas levam filmes e todos eles levantam a mãozinha pra decidir que filme vão assistir na sessão cinema do dia - a maioria vence na escolha do filme e todos tem que assisti-lo, não importa quem chore mais alto).

com tudo isso esclarecido, ele queria saber quem eram as pessoas que queriam ser presidentes. falei da dilma, da marina e do serra. olha, o Guga tem cinco anos, e não vou dizer que ele está numa fase de detestar meninas, mas ele tem seis amigos homens pra cada amiga mulher, sabe? noutro dia ele me disse que eu sou a pessoa que ele mais gosta no mundo, mas que se eu fosse o irmão menino, ele ia gostar mais ainda. ou seja, guga ficou RETADO que só tem um homem sendo candidato a presidente e desde então ele sai falando pra tudo e todos votarem em Serra porque ele é menino. simples assim. achei o máximo essa solidariedade-masculina-infanto-juvenil.



* eu sei que a imagem é ao contrário, mas acredito que nessa fase a recíproca entre meninos e meninas seja mais ou menos verdadeira né?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

surpresas lindas que a vida traz

desde ontem, quando eu voltei da psiquiatra, eu fiquei pensando em escrever um post pra falar do quanto esses dias pré-aniversário estavam fodidos, do quanto eu estava me sentindo carente e mal amada, da minha irritação com as disfunções biológicas do meu cerébro. na aula de hoje de tarde até copiei duas citações sobre "crise" pra ilustrar bem o meu texto e o que eu queria dizer. saí de casa as oito da manhã e cheguei agora, 18:00 horas e achei um envelope na minha mesa. de uma amiga que eu com certeza amo mas que há muito eu não vejo. olha, é lindo perceber como alguém pode gastar o tempo para chegar perto, para falar bonito, para soprar amor em coração de solo não irrigado e irregular - ("se seu coração tem buraquinhos, juntas poderemos ajudar, nós vamos curá-lo com carinho e com muito amor, com muito amor, ele vai sarar") - e para encher de alegria e cor uma vida toda.

me diz se tem como não amar absoltuamente uma pessoa que além de uma carta foda que me arrancou mil lágrimas ainda me mandou esse desenho absurdamente lindo?

é amor sim, paulinha. tenha certeza disso. obrigada por trazer as cores da sua íris pra as minhas lentes sujas. mesmo. ainda não sei como agradecer. ainda não sei o que dizer.

que bom que o mundo dá voltas e traz surpresas lindas.

ps. tenho certeza que amigos que mandam presentes tão lindos em tão pouco espaço de tempo e sem ser em nenhuma data especial - a.k.a pedrohijo e paulinha - querem que meu coração bixado infarte logo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um tiquinho de açucar na vida

A babá do amigo dele pergunta a minha mãe:

"A mãe de Peu quer saber onde você comprou o patins do Ben 10 de Guga, que peu também quer um..."

Minha mãe diz:

"Ah, será que eu me lembro? Acho que eu comprei nas Lojas Americanas.."

Guga, puxa a barra do vestido dela e diz:

"Não mamãe! Foi Papai Noel que me deu!"



Me diz, tem como não dar lirismo a vida quando se tem criança em casa? Acho que é por isso que eu sou tão boa nisso.

domingo, 12 de setembro de 2010

Mao




Fui dormir as três da manhã e as oito, num domingo, eu já estou aqui, acordada. É que uma vez no mês, mais ou menos, eu sonho com uma pessoa e acordo "putz-e-agora-?". Os sonhos nunca são iguais e sempre abordam questões primordiais da minha vida - ou das besteiras que eu faço com ela - sem nenhum compromisso com nenhum aspecto da realidade.

Acordei do sonho de hoje com a angústia mais sincera pensando "eu preciso emagrecer. como eu posso fazer isso?". Acho brinks total como meu inconsciente escolheu a pessoa mais escrota do mundo para personifica-lo! O porta voz da voz da minha mente aparece mensalmente pra me lembrar de que o fato de a minha vida não correr pra lugar nenhum e de as coisas não acontecerem é culpa minha, das minhas escolhas e de quem eu sou - que, de certo modo, está fadado a não ser nunca boa o suficiente pra nada nem ninguém e sabe que destino é morrer de medo a cada vez que as coisas degringolam mais, porque né, elas só vão acontecer sem que eu possa evitar, então me cabe ir aprendendo a administrar.

Se chamássemos o inconsciente por um nome e por um rosto eu nunca chamaria o meu, porque é uma piada de péssimo gosto o quanto até as minhas representações, projeções, sonhos e transferências podem ser feitas por mim mesma para me machucar. O interessante é saber que, aquela pessoa que fica aparecendo na sua mente não é uma pessoa - não tem gostos próprios, desejos, sonhos, birras, personalidade. Aquela pessoa que aparece na sua mente é uma construção toda sua para ocupar um espaço, sabe? Pode ser que tenha sido uma pessoa querida na real life mas foi alçada ao posto de Grande Outro impossível de ser alcançado nos terrenos do inconsciente e está sempre estendo uma vida para mostrar como a vida dele funciona enquanto a sua está uma grande bosta e é tudo uma questão de escolhas, prioridades, saber o que fazer. Ele sempre sabe e você nunca sabe. E uma vez por mês ele vem te avisar e rir da sua cara e jogar na cara as pendências que estão doendo e que você se recusa a resolver.

Quando eu fui ver "A origem" (se você não viu ainda, corre lá pra ver esse filme! imperdível!), me toquei profundamente pelo problema de ter a Mao lá na cabeça dele, bagunçando as coisas, confundindo tudo - você nunca vê as coisas como são, porque você tá sempre vendo através do seu desejo de agradar os olhares julgadores de suas próprias projeções. Mas a minha projeção é igual a Mao, só chega no meio dos meus planos pra cagar com tudo, pra atrapalhar, pra me lembrar do fiasco que eu sou no simples conduzir da minha vida, pra escancarar os segredos e zombar de mim. Quando eu encontro a pessoa real que não tem nada a ver com a pessoa que personifica o meu inconsciente, eu nunca consigo ser eu mesma posto que estou sempre me relacionando com a minha pessoa imaginária e nunca com a pessoa real e sempre com a minha pessoa imaginária e várias vezes não com as pessoas reais que chegam e querem se relacionar de verdade.

Eu até entendo, Mao. Juro que até entendo que você apareça pra chacoalhar. Que no fundo no fundo você deve vir aqui jogar bosta no ventilador pra ver se eu faço alguma coisa concreta com as razões da minha tristeza. Que você gosta de me deixar desnorteada, me sentindo uma idiota. Tudo bem. Vou levando como posso, como sempre, há tanto tempo isso.

Mas porra, para de sacanear o meu sono. Hoje é domingo!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

educando para o futuro



uma vez uma colega minha de faculdade se queixou que o filho dela sabia todas essas músicas típicas do pagode/arrocha/axé baiano e que ele cantava por aí. eu dei risada dessa história e ela me perguntou se com meu irmão não era assim. bom, definitivamente não é. meu irmão gosta de música que tem guitarra e bateria fortes, e em qualquer carro que ele entra, vai logo ligando o som e dizendo "coloca um rock aí".
então hoje saímos rapidinho e eu liguei o som. começou a tocar caetano veloso. meu irmão disse lá de trás: "zú, coloca um beatles aí?"

coloco sempre, amor. sempre. tudo mais que você quiser. morrendo de orgulho.

domingo, 5 de setembro de 2010

música do domingão



Judiaria, do Lupícinio Rodrigues, versão Paulinho Moska.

amor demais.

olha, nessa fase de viver me queixando que ninguém me ama tenho que vir aqui dizer que peu me ama tanto que uma só de mim não era mais suficiente pra ele. aí sabe o que ele fez? ele mandou fazer uma EU boneca da pano! gente, é MUITO amor aos detalhes. o óculos verde, as ondinhas do cabelo, saber que a minha roupa favorita é um vestido longo, o olhar de desprezo dela...
estou lá, parecendo uma louca, comendo um acarajé na mesa plástica de Dinha quando ele me surge com uma lindeza dessas! me diz: tem como não amar? vou levar até pro almoço na casa da minha avó hoje, pra ela me re-conhecer. o ápice da noite foi quando Turan colocou ela no colo e ficou imitando a minha voz e dizendo: 'anham cláudia, senta lá'. (pois é, eu falo o nome desse blog por segundo, é minha gíria favorita)
pra provar que somos sósias, seguem as fotos do melhor presente ever! e pra quem me achava super fofa, favor conhecer pedro hijo, muso dos musos e rever todos os conceitos.







*dignidade pra quê, né? o que vale é aparecer de pijama na internet.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

como lidar?



quando o mês do seu aniversário chega e você entra naquela bad vibe já sua velha conhecida só que versão um pouco piorada e um pouco mais deprimida, o que você faz pra segurar o tranco?

a) tem uma súbita vontade de faltar aulas que você até que gosta - e falta mesmo.
b) não consegue se manter num nível de razoabilidade que permita conversar com ninguém, nem mesmo com o seu melhor amigo no mundo.
c) acha que ninguém te ama e que você não vale nada pra ninguém
d) chora. chora. chora. chora.
e) faz um post cretino, mimimi, carente e dramático no seu blog pessoal
f) sai pra comprar o presente das suas amigas que fazem aniversário em setembro e gasta mundos e fundos esperando que você possa dar a elas uma felicidade que você não consegue sentir no momento
g) todas as anteriores

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

anda em falta no mundo

"Empatia é calçar os sapatos apertados do outro para saber onde lhe doem os calos"

Carl Rogers.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

tempos de delicadeza



Ontem eu estava em pé no corredor da faculdade, discutindo um trabalho com uma colega querida, apoiada na minha muleta, naquela preguiça matutina que só é possível quando você tem um mundo de coisa para resolver quando uma moça, que foi minha colega em Farmacologia (aquela risada de malícia para farmacologia a gente insere aqui, por favor) parou para falar com a gente e disse o seguinte "olha, eu sou do tipo de gente que fala com as pessoas as coisas que acha, mas com você eu sempre tive um pouquinho de vergonha...mas olha só, deixa eu te falar, você tem uma voz muito bonita. toda vez que você falava na sala eu ficava besta como sua voz é bonita,meio rouca, soa bem, como você fala bem, é articulada, eu ficava quietinha prestando atenção no que você estava dizendo e pensando nisso. eu sou besta, não sei nem seu nome, mas tava pra te dizer isso". muito legal ouvir um elogio inesperado de uma pessoa inesperada num dia inesperado. muito legal ver alguém se abrindo para falar bem do outro assim... e bem raro, não é?

então que hoje estávamos assistindo "O Filho da Noiva" para fazer um estudo de caso (mais um? que surpreendente hein) e embora eu tivesse que analisar a dicotomia e diferenciações do personagem em seu processo de doença e saúde, eu fiquei mesmo foi analisando essa falta de tempo pra a delicadeza, essa vida que chega e vai tomando a nossa vida, empurrando prazos, compromissos, obrigações, nos arrastando das coisas e pessoas que mais amamos, nos fazendo crer que tudo é cobrança e problema, inclusive as melhores coisas da vida - que nos pedem tempo sim, mas nos recompensam com uma delicadeza que já não sabemos ver e nomear. o filme é uma pérola, uma pérola de como colocar olhos abertos para o romantismo do cotidiano, a sutileza dos sonhos dos outros e a disponibilidade para um encontro inteiro com eles é essencial para a saúde de uma vida.

mas o que é mesmo uma vida? do que é feita uma vida? de que tecido se compõem uma vida? ontem minha mãe levou meu avô e minha avó para visitarem um amigo deles que é amigo desde os tempos da juventude. tivemos todos um jantar muito emocionado - minha mãe e minha avó não paravam de chorar lembrando da emoção desse encontro e percebendo que nos achamos tão senhores do controle de nossas vidas mas ainda que autores e sujeitos somos também assujeitados - o amigo de meu avô, ainda que mais novo que ele, está com um problema neurológico degenerativo, o que significa que ele não consegue falar e se locomove com dificuldade, ainda assim, na hora marcada de meu avô ir visitá-lo, lá estava ele todo arrumado e cheiroso, esperando de braços abertos pelo encontro. minha mãe conta que choraram muito. minha avó conta que ele não parava de olhar nos olhos, de tocar meu avô - como quem queria dizer o que não podia dizer. sei que as duas disseram que foi um sufoco para conseguirem ir embora, porque ele não largava o meu avô, a minha avó ou a minha mãe. ficava com as mãozinhas presas neles, com aqueles olhos que gritavam tanto. minha mãe disse que ele balbuciava sem parar "alegria. reecontro. meu maior amigo". nós correndo para ter dinheiro, para ter viagens, para ter apartamentos, para ter carros, para ter roupinhas, para ter sei lá o quê, nunca temos tempo de simplesmente estar com quem gostaríamos, e aí vem a vida e nos conduz a um estágio em que já não podemos expressar o que sentimentos - e aí sim sabemos que sentimos e que sentimos muito?

a minha avó fez aniversário um mês atrás e eu dei a ideia de a família toda, os amigos, todos que ela queria bem, se reunirem para fazer um livro com um compilado de cartas de amor que se prestasse a externar como é que ela tinha sido impoirtante para que cada um se tornasse exatamente quem é, em que momento ela foi decisiva em nossa vida, para falar de nosso amor, sem precisar de sentido ou razão, simplesmente. algumas pessoas odiaram a ideia, encararam como uma competição para ver quem escrevia mais ou mais bonito, mas a imensa maioria, a gigante maioria, desde seus filhos, genros, o bispo da cidade, o prefeito, suas amigas dos tempos do colégio, as amigas mais próximas de suas filhas, ao todo, quarenta pessoas deixaram as palavras caírem no papel. quarenta pessoas me deixaram conhecer a minha amada avó ainda mais através de outros olhos que também tanto a amavam. soube que minha avó adora política, soube que ela se metia em organizações de eventos na cidade, soube que ela foi decisiva na influência da escolha por ser padre do bispo, soube que ela estudava com as irmãs e que ensinou como exercer a profissão as mocinhas mais jovens (sim, minha avó é moderna e sempre trabalhou), soube de como ela ajudou todos os irmãos e de como criou seus filhos com amor. me lembrei de todas as coisas que ela me deixou fazer. minha avó não criou nenhuma fórmula da relatividade. não teve o maior salário do banco no qual trabalhava. nunca conseguiu aprender a dirigir. não ganhou o prêmio nobel de literatura. mas ainda assim, um pouquinho a cada dia, ela deu seu tempo e sua vida pra dar significado pra outros tempos de outras vidas. ela fez a diferença, sem ambições. ela viveu e vive uma vida comum, como a da maioria das pessoas e ainda assim, ganhou, as pressas, quarenta cartas transbordantes de amor oriundas de quarenta pessoas de vida corrida que pararam e escreveram com o coração porque julgaram que ela era digna disso, que ela leu chorando pra se acabar (sim, eu puxei a minha avó).
segunda-feira foi a primeira vez que a vi pessoalmente depois de seu aniversário - minha avó não mora em Salvador - ela só me olhou, chorou, chorou, chorou e me abraçou, muito agradecida pelo melhor presente de sua vida.

Setembro chegou e em vinte e cinco dias é meu aniversário, hora de me perguntar mais uma vez: o que eu tenho feito com a minha vida? como tenho dado sentido ao meu tempo? tenho me permitido me perder? ter atos de amor? tenho dito as pessoas que elas são importantes ou ando muito preocupada em fazer sentido, em ser razóavel?

É Chico, o amor pode até não ter pressa, mas a vida tem.