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terça-feira, 27 de julho de 2010

volto já

como meu irmão machucou o dedo do pé em alguma manobra digna de craque no futebol do playground, minha mãe decretou que já era tempo de meu 'mimimi não consigo andar, meu joelho tá doendo, uai meu Deus do céu, me dá mais gelo?' acabar e levou os dois filhos lindos, castanhos, branquelos e mancos para uma consulta no ortopedista (parecíamos aquelas famílias de pato, sabe? a mãe na frente e os dois pimpolhos andando igualzinho um ao outro bem atrás).

meu médico não é exatamente um cara simpático (ok, meu irmão de 5 anos fez a sincera observação: "esse médico não é muito sorridente, né mãe?" epic win pra ele) mas é um gato oriental total. combinamos que eu iria primeiro (eu sempre vou primeiro, o que é ridículo porque, por exemplo, quando fomos tomar vacina eu chorei e ele ficou com cara de 'opa, simbora' !!!!!!) para meu irmão ver que era de boa. aperta joelho pra cá, estica joelho pra lá, responde mil perguntas e? vou ter que fazer uma ressonância no joelho. o lance é que o resultado demora de três a quatro dias pra ficar pronto e eu vou pra são paulo na quinta pra passar uma semaninha com meu pai (por falar nisso, enquanto eu estiver lá, isso aqui fica as traças, porque meu pai não trabalha com essas coisas triviais tipo ter um computador) então, assim que eu arranjar coragem para fazer minha mala preciso me lembrar de colocar pomadas, bolsas de gelo e anti-inflamatórios nela. meu irmão se comportou otimamente, fez amigos na fila de espera do raio-x e saiu de lá todo pimpão sem nada detectado - o que ele tinha era uma inflamação por causa de um corte que ele arranjou no pé.

o lado bom é que com a ressonância vai dar pra ver todo o extenso critério da minha beleza interior e descobrir quem é que tá de reboliço no cortiço pra poder dar providência. provavelmente depois desse resultado eu vou precisar fazer fisioterapia e depois atividade física.

não sei o que eu fiz pra merecer essa bad vibe na minha saúde, sabe? eu tenho tanto médico marcado e nenhuma vocação pra hipocondríaca, eu meio que acho que tudo sara sozinho, sabe? menos o joelho, porque dói pacas. mas esse lance de passar não sei quantos cremes no rosto não é comigo e nem esse negócio de monitorar as emoções do meu coraçãozinho.

de qualquer forma, quando eu voltar de são paulo, vou ter que, na marra mudar os hábitos por aqui. quer dizer, é aquela pergunta que volta e meia o Calligaris faz quando discute os prazeres contemporâneos nos seus textos: se um bandido te pergunta a bolsa ou a vida, o que você responde? no fundo, você sabe que tem que responder pra levarem a bolsa, porque não adianta ter bolsa sem ter vida. é como ficar sentado num galho que você sabe que vai cair. enfim.

a Ianna (querida) me mandou esse trecho do Guimarães Rosa pra me dar uma força e acho que eu preciso levar pra a vida. quem tiver precisando de força de vontade pra escolher a vida ao invés de bolsa, leve também.

"Compadre meu Quelemém, muitos anos
depois, me ensinou que todo desejo a gente realizar alcança - se tiver
ânimo para cumprir, sete dias seguidos, a energia e paciência forte de
só fazer o que dá desgosto, nôjo, gastura e cansaço, e de rejeitar toda
qualidade de prazer."
(Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Horóscopo #ficaadica

seçâo "Horóscopo imperdível do dia", mais popularmente conhecida, a partir de hoje como "Horóscopo #ficaadica" (eu ainda não captei porque meu horóscopo chega em média as três da manhã, mas o de hoje é especialmente bom, então vamos focar nele):

"Entre os dias 27/07 (Hoje) e 30/07, você passará por uma fase de recolhimento emocional, Juliana, que deve ser compreendido como importante. Se você estiver num relacionamento, o período pede menos programas sociais, solicita que vocês fiquem quietinhos e recolhidos, curtindo um ao outro. Se estiver sem ninguém, este é um excelente momento para refletir a respeito de suas experiências amorosas passadas e compreender quais são os padrões negativos que se repetem em sua vida e que você precisa se liberar. Amores antigos podem dar sinal de vida: mesmo que você não queira a proximidade destas pessoas, procure ouvir o que elas têm a lhe dizer, podem ser coisas que lhe servirão para sua evolução enquanto ser humano."

alô você que é meu ex-namorado, ex-whatever ou amor antigo, expresse seu direito de me dizer coisas que me façam evoluir quando meu recolhimento emocional acabar para que eu saia da pokebola como um pokemon evoluído. enquanto isso, vou ficar aqui pensando se a vez que eu fiz um namorado apagar o recado de uma amiga do caderno com corretivo, se a vez que eu fiz um namorado andar da casa dele até a minha atrás de mim pra me pedir desculpas, se a vez que eu liguei cinco horas da manhã pra um namorado só porque eu achei que ele tinha morrido ou se a vez que eu surtei porque um namorado não queria ir pra o show caríssimo de ney matogrosso são experiências passadas que preciso compreender para me liberar...

ou seja, até dia 30/07 tô instituindo a seção: "me dê uma dica de porque eu fui uma namorada mala. estaremos agradecendo sua contribuição." me escaldem que eu agradecerei?

fail. nem a conjunção dos astros me respeita.

não me diga mais quem é você

Eu sou aquela que morre de inveja dessa gente que consegue dar conta de estudar, trabalhar, ser feliz, fazer as coisas darem certo, ter amigos, sair, coordenar a família, tirar nota boa, namorar. Eu não consigo sequer dar conta de aplacar meu coração.


domingo, 25 de julho de 2010

vida-quase-zorra-total

no dia determinado, abri o portal da faculdade pra ver se minha matrícula tinha dado certo e ops, das seis matérias que eu tinha queixado, uma tinha dito 'no, no, no'. fui ver e era estatística; fiquei louca-desesperada-ai-meu-Deus-como-pode-ser mas aí descobri que o professor me aproximou e passou. p-a-s-s-o-u. descobri que não sou mais uma repetente de estatística. me livrei dessa vida. amém. obrigada a todos os envolvidos!

quando eu já tava achando que eu tava pre-destinada a ter uma vida zorra total (vida perfeita, todo mundo feliz, até o cocô é perfeito [definição por @pedrohijo] - e claro, tudo muito, muito, muito anunciado porque é pra isso que o twitter e o orkut tão aí, né braseel), meu joelho pifou e me lembrou que felicidade de pobre dura pouco. tô há uns cinco dias sem poder ficar de pé, andar, dirigir ou dobrar a perna.

depois descobri que a matéria subsequente a estatística na grade, ops, não bate com os horários da minha proposta de matrícula. não sei como vou ter que proceder pra isso não me atrasar. já citei que teoricamente minhas aulas começam AMANHÃ? pois é. dá aqui um abraço, né.

fui na dermatologista quando minha pele começou a brincar de sertão-brasileiro e começou a soltar blocos e mais blocos rachados. agora sou uma menina que usa setecentos cremes. sentiram o cheiro da vaidade?

meu óculos novo chegou e eu e ele ainda estamos em fase de estranhamento, me senti meio surfista-prateada-sou-cool-frequento-festas-de-blogueiros com ele. e ainda achei ele grande demais. mas agora acho que nossa relação está começando a melhorar. foi difícil tirar o óculos verde-esperança do olhar.

somando tudo isso, na sexta eu consegui ter que sair pro aniversário da minha amiga: sems alto, com a pele descascando, andando como um pirata da perna de pau e com óculos de surfista. vida, devolva minahs fantasias (1 membro)

me viciei na novela fashion das sete, Ti-Ti-Ti e agora integro o 'mundo dos alienados obcecados com novelas da rede Globo' Zzzzzz me embala aí uns três anéis que a Claudia Raia usa nessa novela que fica tudo certo.

pra rebater, duas leitoras (HAHHAHAHHHAHAHAHAHA) muito simpáticas, queridas e respeitosas (claudia, senta lá) e eu começamos a trocar ideias muito legais no msn. elas não jogam buraco, o que é uma pena. mas as madrugadas de perna esticada no gelo ganharam mais risadas. uma droga escrever isso, acho que vou validar o 'fofaa' que elas ecoam. mas o que se pode fazer?

não sei o que fazer com o joelho problemático, já que quinta-feira vou pra são paulo e ficar em casa não está na lista de acontecimentos que eu planejei.

dessa vez foi quase vida-zorra-total. na próxima, você não me escapa.


aê brou, mó onda. pára com esse kaô

segunda-feira, 19 de julho de 2010

o que te sobra além das coisas casuais?



"Tristeza eu tenho porque muitas das coisas que moram na minha alma não podem ser comunicadas. Por mais que eu diga e explique, quem ouve não entende."
Rubem Alves em Três Causos

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Adélia que é mulher de verdade




"Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou."

Adélia Prado


* Nessa sexta chuvosa eu resolvi não reclamar de nada, só deixar a poesia nascer porque eu amo a adélia e o jeito simples que ela tem pra dizer o indizível, sempre. Adélia que é mulher de verdade. :)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

le petit nicolas




um amigo já tinha me dito: 'vença a preguiça e vá ver O pequeno Nicolau, filme francês lindo, emocionante, engraçado, triste, sutil, maravilhoso.. você vai amar...'. eu vi o trailer e me animei mas o horário era um horror. daí uma outra amiga chegou e disse que eu p-r-e-c-i-s-a-v-a ver, que era a minha cara, que era lindo e que não tinha erro. ok. hoje eu enfim fui ver. e olha, tô recomendando muito! coisa linda filme que fala da ingenuidade das crianças e das dores e delícias delas. muito engraçado e especialmente sutil. recomendo mesmo. pessoal aqui de salvador onde todas as salas do circuito comercial passam toy story 3 ( que é lindo demais, vejam) ; shrek 4 (que é engraçadinho) e eclipse (não vi, não sei se é bom mas li boas críticas) corre pro circuito sala de arte que tá passando cada filmão ó: tudo pode dar certo (velho woody de volta a velha NY e ao velho sarcasmo carnicento), cerejeira em flor ( ainda não vi mas já tô morrendo pra ver, que parece coisa linda! procurem trailers mas o mini roteiro que conta o que tem no trailer é: sr e sra casados há muitos anos ainda se amam muito. o sonho dela é ir pro Fuji com o marido ver as cerejeiras em flor mas ele acha que o Fuji é só uma montanha e que não tem diferença ir ou não. ela morre subitamente. ele junta as roupas dela, coloca numa mala e vai 'com ela' pro monte Fuji.) e "O pequeno Nicolau".

sobre o filme, queria fazer duas observações sobre duas cenas que não me saem da cabeça:

1 - quando Clotário, o 'menino burro' da turma vai ser submetido ao teste de Rochard, o médico explica que vai mostrar pra ele umas figurinhas e pede pra ele explicar o que ele vê em cada imagem; mostra a primeira e Clotário diz, temeroso, "não sei o que é isso...", mostra a segunda e Clotário ainda mais receoso diz "não sou eu?" e quando o médico mostra a terceira, Clotário se levanta para ir para o 'canto do castigo' e diz: "olha, não sei porque você está me mostrando essa bagunça, eu juro que não fui eu que fiz esses desenhos tortos!". fiquei me perguntando: não é essa toda a moral de nossa educação? pilares que indicam o certo e o errado e o caminho da punição para os nossos erros? crescendo sobre o pavor do olhar do outro e do significado que atribuem aos nossos erros, como construir uma autonomia em nossas respostas? mesmo tendo sido explicado a Clotário que naquele caso não haviam 'respostas certas' ele não se permitiu pensar por si mesmo para responder o que ele via nas figuras e sai daquela situação no mesmo padrão que entrou - já saiu buscando a parede do seu castigo por se identificar na posição de sujeito que não sabe as respostas. Clotário, sabendo que lugar era o seu, ficou engessado demais. O nosso método de educar não é, de certo modo, todo voltado para o engessamento dos nossos sujeitos?

2 - quando o narrador nos apresenta o pai de Nicolau, ele logo nos diz: " esse é o meu pai, ele sempre diz que se não tivesse se casado com a minha mãe ele seria campeão de futebol ou campeão de natação ou campeão de ciclismo." nessa hora em que o pai de Nicolau deixa bem claro que o casamento lhe privou de dar continuidade a seus sonhos de grandeza e talento, automaticamente me lembrei do que fala o Calligaris em um texto chamado "Guerras Íntimas", na verdade, acho a cena uma metáfora do texto, segue um trecho:

"Ou seja, é freqüente que, para evitar os tormentos da contradição interna, atribuamos aos outros (em particular, aos que nos são mais próximos, mas também ao mundo em geral) a função de nos impedir de desejar além da conta.

São aquelas lamúrias: queria mesmo ser trompetista, mas não deu porque é uma carreira incerta e é preciso pagar a mensalidade da escola das crianças; queria passar as noites nas casas de suingue, mas não ficaria bem para minha mulher se encontrássemos alguém que a conhece; queria passar o dia como uma amélia, cozinhando geléias naturais e bolos de chocolate, mas meu marido quer uma boneca de luxo.

É claro que nós mesmos preferimos a família ao trompete, a respeitabilidade ao suingue e a vida urbana à geléia. Mas é mais fácil encarar nossas desistências transformando os outros em imaginários carrascos de nosso desejo: "Foi por causa deles".

(...)

A diferença é pequena, mas decisiva e fácil de ser constatada: tudo depende de quem fala. Se eu me queixo de que o outro me impede de ser rei da China, muito bem, é minha projeção; melhor perseverar e, quem sabe, descobrir, na briga, por que eu mesmo não me mudei para Pequim. Mas, se meu parceiro se queixa de que tenho o extravagante desejo de ser rei da China, o casal está próximo de sua falência."



Vão assistir o filme que eu juro que vale a pena!

* É nessas horas que eu fico doida pra ser professora e levar uns filmes desse tipo pra debates em sala de aula!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

quiz

a pessoa vai no oftamologista, faz exame, dilata pupila, descobre que o grau aumentou e sai com aquela pupila enorme e o olho ardendo de lá. a mãe da pessoa insiste que precisa fazer umas compras urgentes na delicatessen. a pessoa concorda e lá vão elas. mas são cinco da tarde e a pessoa está de óculos escuro porque seu olho tá reagindo bem mal a luz. a pessoa entra na delicatessen com seu óculos escuros. isso: a pessoa entra num lugar fechado de óculos escuros e fica lá.

1 - quem a pessoa encontra?

a) amigos queridos
b) amigos do ex-namorado
c) pessoas da escola que a detestam
d) pessoas da escola que a detestam e são amigas do ex-namorado

2 - o que as pessoas pensam quando veem aquela pessoa de óculos escuros num ambiente fechado?

a) nossa, deve ter dilatado a pupila
b) nossa, deve estar com conjuntivite
c) nossa, deve ter apanhado do namorado
d) nossa, que babaca de óculos escuros em lugar fechado! e eca, obviamente essa blusa não combina com esse sapato. e que penteado estranho é esse? etc etc etc


reflitão



* agora além de ter astigmatismo eu também sou míope e já posso fazer parte do seleto grupo de babacas que diz "ah, eu não te vi! claro que eu não sou metida, é que eu sou míope... *pisca os olhinhos*

terça-feira, 13 de julho de 2010

os meus podres.



Sorte de hoje: Agora é a hora de tentar algo novo
anham orkut, senta lá

bom, eu não fui lá ontem. e dessa vez não é nem que eu esteja enrolando - ok, estou enrolando, mas é melhor enrolar agora do que depois. vamos as explicações.
a cardiologista me indicou um tratamento que é super completo: envolve atividade física variada, dieta com nutri, acompanhamento médico, refeições diferenciadas e grupo de suporte e apoio. óbvio que eu fico louca toda vez que penso que assim que a nutri fizer meu planejamento eu vou parar de comer e isso me deixa paralisada. comer é tipo meu remédio contra tudo que eu não curto a vibe, assim como dormir ou jogar buraco no orkut ( se você tem orkut e ama jogar buraco, não se acanhe e me adicione por favor. sou só amor pelo buraco on line e tenho poucos amigos adeptos do vício, por favor, chegue mais e vamos expandir a roda de amigos via jogatina), ou seja, se minha faculdade é uma droga e eu não sei mais se eu quero ser psicologa mas tampouco sei o que eu quero ser, ao invés de dar um jeito nisso, vamos comer. se eu me decepcionei com as pessoas mas deletar da vida é muito 'comprar confusão' pro meu lyfestyle, vamos comer. e adicione comer na oração que vier logo depois de qualquer frase que envolva qualquer coisa que deu errado. então, pior ainda, eu tenho muita consciência de que estou gordinah porque embora nunca tenha sido a mais magra, também nunca fui a bolinha.
por outro lado claro que um tratamento que envolva tantas variáveis e pretenda dar conta de abarcar tantos inimigos do emagrecimento custa caro. e meu pai super disposto a pagar até porque no meu histórico familiar diabetes, infartos e hipertensão tão aí pra contar as histórias. e eu desesperada aqui, lógico - vai que ele paga e eu não emagreço? vai que ele paga e eu não dou conta de parar com esse treco compulsivo que é comer? vai que ele paga, eu dou errado e ele gastou aquele dinheiro confiando em mim e deixando de gastar em alguma outra coisa? pois é. estou paralisada justo por isso: como me garantir que eu posso confiar em mim e na minha força de vontade?
outro elemento que me faz tremer nas bases é: esse tal de grupo de apoio. é um grupo de apoio composto por JOVENS. na minha mente radical jovens são as pessoas que eu preciso mais temer na vida. se eles frequentarem micaretas e forem pessoas leves e de bem com a vida, obviamente eles não vão gostar de mim. e eu vou ficar lá sobrando num grupo de pessoas que se abraça em círculo pra chorar e sorrir sobre as mazelas de emagrecer. eu tenho uma experiência passada péssima com terapia de grupo num grupo no qual eu realmente não me incluía. tudo que eu falava passava em branco e não fazia eco em ninguém. não sei se existem culpados, acho só que eram formas de lidar com as questões subjetivas que eram completamente incompatíveis, simples assim.
então, além de pensar que vou ficar sem comer, vou fazer exercício, vou ficar em engarrafamentos horrorosos pra fazer estas duas coisas, tenho medo de falhar e ser um ônus terrível para o meu pai e de não me sentir fazendo parte do grupo de apoio por eles me acharem qualquer coisa ruim ou maluca demais.
levando em consideração que pessoas que me detestavam na escola e ex-namorados leem esse blog, eu não deveria escrever estas coisas tão assim, 'pessoais', mas por outro lado, tem várias pessoas bacanas me dizendo coisas legais e me contando que se motivaram pra correr atrás, também. por isso eu vim me explicar, explicar essa estagnação de minha parte. dizer que eu ainda tô pensando em 'como fazer pra dar conta de tentar esse algo novo'. eu quis fugir muito de escrever esse texto, meio perdido, meio loser de um projeto que eu comecei a anunciar, mas acho que escrevê-lo faz parte do meu próprio compromisso: na contra-mão do que mostram os sites, as revistas de fofoca e as pessoas felizes na tv, todo processo tem dúvidas, medos, retrocessos e tensões. espero que escrever sobre os meus processos - inclusive os negativos, como o medo bobo de não ser querida ou aceita - me ajude a esclarece-los na minha própria cabeça.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

quem acredita sempre alcança?

bom, depois que a médica disse que eu precisava fazer coisas que me dessem prazer já que meu coração tava bixado e a rotina faculdade + dieta + exercícios não era sinônimo de alegria no cotidiano, eu resolvi que absolutamente eu queria tocar violão. claro que eu não sabia que isso era tão difícil assim. na verdade a maioria das coisas é assim, eu suponho que vão ser dificeis mas elas vão lá e são ainda piores.

um amigo meu tá saindo de casa pra morar com a namorada e me doou o violão dele quando ele soube que eu estava querendo um. um outro amigo, queridíssimo, trocou as cordas do violão e se dispôs a (tentar) me ensinar (bola de amor por você, gato) a tirar um som do instrumento. fato é que: estou totalmente perdida entre dó, dó maior, dó menor, dó sustenido, casas, trastes, números, acordes, harmonias, notas e melodias. Totalmente naufraga. Sou absolutamente lerda no jogo de dedos pelas cordas e minha mão é tão pequena que tocar com o dedo midinho é uma aventura digna de sessão da tarde. Continuo treinando e tentando não observar quantos movimentos fazem os experts senão eu pedirei pinico e nunca mais tocarei violão. O melhor momento foi a composição dos carboidratos: macarrão / lasanha / pão / batata. Sou um primor.

a parte dois é que hoje é o primeiro dia que eu tenho que comparecer lá no programa de emagrecimento e eu já tô aqui pensando: aimeuDeusnãopossoir-ondeapertapradesistir-ninguemvaigostardemimlá-eeunãovoumesmoconseguir! de todo modo, tenho tentado pensar: bom, você está na merda, qualquer coisa boa que aconteça é lucro, vamos nos jogar, quem sabe dá tudo certo, quem sabe as pessoas são legais, quem sabe você pode parar de ser tão crítica, ranzinza e radical assim e se permitir fazer algo que você não pode dominar? obrigada. nesse momento, aceitamos empurrões e bicudas para a frente. mas, por mais que eu esteja com vergonha + medo, vou lá hoje de tarde dar meu pontapé inicial. eu preciso emagrecer mas mais do que isso: eu quero emagrecer. então já olhei todos os blogs de moda que eu gosto, já pensei em todas as roupas que eu quero vestir e meu bom-senso não permite. já me lembrei que eu só aprendi a dirigir porque me ensinaram no militarismo (fiz, durante um mês, aula com um professor particular, duas horas por dia, todo dia. ele ia dirigindo na frente o carro dele, e eu atrás o meu, me cagando de medo e chorando de pavor. deu certo, passei de primeira no detran. mas eu chamava ele de SARGENTO e no dia que eu o conheci e fiz a primeira aula, cheguei em casa chorando tanto que meu pai achou que eu tinha batido o carro. depois viramos melhores amigos e resenhavamos nossa vida amorosa. ele com 61, eu com 19)

todo mundo no refrão do ré mi - que saudade do macarrão / que não comi jamais / onde anda meu pão / que não encontro mais?

* a primeira música que eu pretendo um dia conseguir tocar no violão, com certeza é: fogo e paixão, do Wando.

sábado, 10 de julho de 2010

coração bola ~ coração balão



fui na cardiologista viver dois momentos de sucesso ontem de tarde.

um: a gente conversando sobre estilo de vida, o que se gosta de fazer, o que se faz, como se alimenta, pra onde se sai, que tipo de exercício, se curte uma micareta e depois de todas as minhas respostas ela vira pra mim e pergunta: você é que signo hein? eu digo: libra, o signo mais vaidoso do horoscopo. ela diz: você tá de brincadeira né? mas aí já sei, essa rabugice, essa velhice, essa apatia, esse desânimo.. o ascendente tem um pezinho em capricórnio, tem não? cuidado viu, capricórnio deixa a gente mais velho do que a gente de fato é. minha mãe balança a cabeça e diz: nem me fala, ela agora entrou numa fase que só olhando o carro das pessoas ela decreta se são playboys ou não. não é preconceito demais?
(olha, desculpa, não tenho culpa, punto, stilo e polo SÃO carros de playboy. contra fatos não existem argumentos nem golpes baixos como acusar de preconceituosa. beijos e espero que todos os envolvidos sentem lá)

dois: analisando o resultado do meu eletrocardiograma ela percebe uma taquicardia e mer pergunta se eu sou estressada. ( bom, me estresso porque salvador tem um trânsito caótico e o prefeito diz que a culpa é das consercionárias que vendem carro demais com facilidade demais [!] ; porque não consigo estacionar na minha faculdade e isso me obriga a acordar muito cedo ; porque sou uma repetente fiel de estatística ; porque conheço cada pessoa sacana de doer e me embalo mesmo ; porque não vejo sentido no amor e nos relacionamentos ; porque não sei o que fazer da vida ; etc) eu digo que não, não sou estressada assim. ela pede mais exames e diz que temos que investigar isso. o que aprendemos com a taquicardia?
a) de fato, até mesmo eu tenho um coração. b) ele é um pouco mais axezeiro do que eu gostaria e parcialmente fã da timbalada. c) preciso cuidar da minha saúde e isso envolve emagrecer e fazer exercícios (quem lê esse blog deve achar que eu peso pra lá de cem quilos de tanto que me queixo disso, não é o caso mas eu adoraria que fosse porque aí eu fazia logo uma bariátrica né) d) meu coração acha metafísico ser frágil só na subjetividade e tá afim de transcender para a realidade sua fragilidade silenciada. e)todas as anteriores.

acertou quem marcou letra e. agora é fazer os exames e ver no que isso vai dar.


* um obrigada sincero pra Livinha que deixou um comentário tão bonitinho via reader. me deu uma forcinha a mais. :)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

quem tem um sonho não dança.




toda vez que cazuza canta "quem tem um sonho não dança" eu me sinto lesada na alma. eu acho que a melhor coisa que pode acontecer na vida de alguém é ter objetivos ( ou em bom psicanalistês, ter desejos) porque sei o quanto isso facilita o decorrer dos dias. se a vida é o que acontece enquanto fazemos planos isso significa que a vida não acontece se não fizermos planos? ou somos nós que não podemos dizer que de fato vivemos se não temos planos?

admiro pessoas que aguentam professor insuportável, chefe mala, trânsito matinal, exercício físico, dieta, salário pequeno, testes e mais testes. aposto que é esse tipo de gente, que, sei lá, participa de sete panelinhas de seleção pra time de futebol, oito concursos para ser cantora, vinte editais para conseguir financiamento para a peça de teatro, faz inglês de noite, estuda pra concurso enquanto todo mundo tá na farra: esse é o tipo de gente que sabe que quem tem um sonho não dança. é o tipo de gente que espera chegar em algum lugar e mira pra lá.

mas eu não tenho sonho, plano, objetivo. eu danço. e eu canso. desculpa cazuza. na verdade, muitas vezes eu nem sequer começo. quer dizer, pelo menos não agora. não tem porque pegar fila no estacionamento da faculdade se tanto faz o canudo ser de psicologia ou de administração. não tem porque passar fome e fazer ginástica se tanto faz ser gorda ou magra. não tem porque lutar pra manter relações se tanto faz estar sozinha ou acompanhada. sabe?

contrariando toda e qualquer expectativa sobre essa minha procrastinação com viver (estamos pendurando aí pra encarnação que vem, quem sabe) eu resolvi que preciso calçar os sapatos mais apertados que existirem no mercado - como vai doer muito, não vai dá nem pra dançar enquanto o sonho não vem. é isso aí: vamos a dieta, vamos ao exercício, vamos a estatística pela quarta vez, vamos as críticas e as filas do estacionamento - mas continuaremos não indo para as micaretas, desculpa.

de agora em diante, vou abandonar a auto-crítica e qualquer dosagem de bom-senso, eu creio. embora eu tenha lido que ex-namorados e pessoas que nos odeiam leem nosso blog com assiduidade, ainda assim, acredito mesmo que esse blog vai virar o diário delinquente de uma pessoa em processo de ser a louca dos gatos. quem curte chorumela a toa, conquistas pífias e o ego refocilando na lama, chega mais. quem curte boa leitura, profundidade e conclusões interessantes, me deleta do reader. posso indicar gente que faz isso muitíssimo melhor do que eu, de boa.

eu vou escrever pra mim. vou escrever pra conseguir, eu acho. vou escrever como criança que usa bóia pra não afundar em mar que não sabe nadar. já passou da hora. já tô velha demais pra ser tão queixosa (oh contradição) e tão pouco ativa. pessoas que me odeiam e ex-namorados, parem de ler o blog e não joguem urucubaca na minha dieta. abram mão de saber as novidades maravilhosas de uma pessoa que fará dança de salão as quartas-feiras! eu preciso é de amor. de verdade. então, sentem lá com a claudia e me deem um tempo.

talento pra perseverança eu não tenho nenhum. mas se woody falou, o marujo sim senhor. o que eu espero que importe: a coragem. fala aí joão, qual a sua opinião?

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" (João Guimarães Rosa)


* não me responsabilizo por pitís, crises de abstinência, choros, vontades de mandar todos a merda ou mariasdobairrismos que possam vir a acontecer. a dieta é um verme muito perigoso e pode destruir as melhores reputações.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

apenas duas mãos

nesse mundo é muito fácil achar tudo. tem estoque, prateleira, gaveta, armário, estante, sacos, malas, baús, cabide, mostruário, caixa, carteira, pasta. tem google, tem link, tem reader, tem orkut, tem detetive. tem psicologo, psiquiatra, velho sábio, galera da balada, especialistas em todas coisas, falastrões e tagarelas, gente que te entende, gente que sabe o que você deve saber.

Meu Deus, é tão fácil achar tudo nessa vida. Só não sei o que é preciso fazer para achar um colo e o silêncio.

O que realmente me atormenta é “esse amanhecer mais noite que a noite.”*





* Drummond, Sentimento do Mundo

profundo é o poço

Então que eu amo essa música do Agepê com todas as minhas forças. E concordo que tudo que toda mulher espera de um homem é que ele saiba 'pegar no colo, deitar no solo e fazer mulher'. Talvez essa seja a metáfora mais concisa do misto chapado que é o desejo de ser amada/desejada ; acarinhada/invadida e menina/mulher. Esse negócio de mulher intelectual e profunda que fica tudo com muita firula não tá com nada, porque ó, profundo é o poço, gata.

Ficam aqui três versões do meu brega amor pra cada um escolher qual prefere. Solta a voz ai no refrão, que é a melhor parte. Tô indo pra São Paulo no final de Julho e passando por um longo processo de convencimento com meu pai - tem como ir pra São Paulo e não ir no show do Wando? Vamos parar né;

Agepê por Agepê, em sua versão original:


Agepê por Zeca Baleiro:



Agepê por Letuce e Nina Becker:




enfim, muito amor nessa quinta-feira.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

ajuda dos universitários?



daí que eu fiquei de férias dia dezoito de junho e só hoje fui lá na faculdade fazer prova final. nesse meio tempo rolaram as provas de segunda chamada - fiz prova de dinâmica de grupo e me assustei com a nota que tirei. eu já tinha certeza de que era uma nota bem imparcial e fundamentada nos meus conhecimentos (anham claudia, senta lá) mas hoje quando meus colegas disseram que depois que eu saí a professora corrigiu minha prova as GARGALHADAS na frente da moçada foi que eu percebi o nível da coisa toda. se eu soubesse que era de brinks, tinha escrito umas cantadas de pedreiro ao invés de ter ficado lendo Pichon, né? :(

fui fazer minha prova final de farmacologia né - a minha última aula da matéria foi 05/06 daí vocês tiram como meu vocabulário da matéria tá aqui fresquinho na minha mente, doido para correr para a folha de papel. dez questões abertas mas diretas: "que droga é para depressão sem agir sob a serotonina? a cafeína interfere na dosagem do lítio?" e coisas do tipo. sei lá. fico lá com minha cara de sei lá. quero registrar: sou uma pessoa anti-pesca. acho que a pesca tapa buracos e é auto-enganação. mas nesse caso: o professor não ensinou abobrinha nenhuma durante todo o semestre, então, se eu pescar, eu me engano, mas me enganar não foi o que ele fez o semestre todo? vou repetir um semestre inteiro de mais enrolação na mão do mesmo cara? puff, eu não consigo pescar. sabe, eu não consigo ENXERGAR. aperto os olhos o máximo possível e vejo muito pouco. provavelmente alguém escreveu Halopedirol e eu li Clorarzol. Ou alguém escreveu Diazepina e eu li Narcoléptico. Nêgo escrevendo Meia Vida e eu lendo Mezanato. Ainda bem que eu precisava de muito pouco e sabia alguma coisa (not).

saio da prova com meu amigo me escaldando porque ele levantou a prova pra mim e eu ainda assim não enxerguei muita coisa, não importando quanto esforço eu fizesse neste sentido e esbarro com uma colega que eu havia encontrado no sábado, num show que rolou aqui em tributo a Cazuza. me lembro que no show eu falei com ela surpresa por encontra-la e ela me disse: 'ah, eu vim assistir a palhinha da minha amiga, vem cá' e me apresentou a amiga que daria palhinha no show. a menina cantava muito bem, uma coisa fantástica. o queixo dos meus amigos ficou no chão que além de linda ela sabia cantar. eu já mais pra lá do que pra cá fiquei sentada num banco pensando em teorias sobre o poder de sedução equivalente ao domínio do palco. então hoje quando eu vi a minha colega, ela me perguntou: 'eaí, você gostou do show?' e eu disse, sinceramente: 'adorei! diga a sua amiga que ela canta muito e...' e quando eu olho direito, ops, a amiga dela estava ali do lado dela me vendo falar dela em terceira pessoa! dei risada de mim mesma (estamos aqui pro que der e vier) e fui lá cumprimentar a moça, dizer que ela cantou muito, que eu adorei, que a voz dela é ótima. essas coisas. ai ela, dando risada e um abraço, me diz: nossa, já pensou se você fosse falar mal de mim e eu aqui?

definitivamente, antes que eu me embarace por aí, preciso trocar os óculos. nunca se sabe quando eu vou precisar pescar por aí ou falar mal de alguém e checar se a pessoa está lá. fora semana passada que eu e minha prima ficamos olhando, de óculos, para a placa do carro e não conseguimos ver de jeito nenhum até que o segurança de CINQUENTA anos sem óculos nos disse a placa.

e sabe, eu já fiz minha matrícula do semestre que vem, e cara, que bosta. fiz um emaranhado louco de horários que significa ir na faculdade até pela tarde e hoje, infelizmente, enxerguei a lista dos meus professores. três que enrolam, uma que não sabe nada de nada, uma que eu não conheço e o professor mais exigente do curso. sétimo semestre, eu sem vontade nenhuma, sem saber que sentido vou dar pra esse diploma e ainda me inventam essa grade com esses professores. ninguém merece. nem de patricinha-atrasada nem de hippie-aleatória eu me livrei. tô precisando de um santo forte.