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terça-feira, 27 de julho de 2010

volto já

como meu irmão machucou o dedo do pé em alguma manobra digna de craque no futebol do playground, minha mãe decretou que já era tempo de meu 'mimimi não consigo andar, meu joelho tá doendo, uai meu Deus do céu, me dá mais gelo?' acabar e levou os dois filhos lindos, castanhos, branquelos e mancos para uma consulta no ortopedista (parecíamos aquelas famílias de pato, sabe? a mãe na frente e os dois pimpolhos andando igualzinho um ao outro bem atrás).

meu médico não é exatamente um cara simpático (ok, meu irmão de 5 anos fez a sincera observação: "esse médico não é muito sorridente, né mãe?" epic win pra ele) mas é um gato oriental total. combinamos que eu iria primeiro (eu sempre vou primeiro, o que é ridículo porque, por exemplo, quando fomos tomar vacina eu chorei e ele ficou com cara de 'opa, simbora' !!!!!!) para meu irmão ver que era de boa. aperta joelho pra cá, estica joelho pra lá, responde mil perguntas e? vou ter que fazer uma ressonância no joelho. o lance é que o resultado demora de três a quatro dias pra ficar pronto e eu vou pra são paulo na quinta pra passar uma semaninha com meu pai (por falar nisso, enquanto eu estiver lá, isso aqui fica as traças, porque meu pai não trabalha com essas coisas triviais tipo ter um computador) então, assim que eu arranjar coragem para fazer minha mala preciso me lembrar de colocar pomadas, bolsas de gelo e anti-inflamatórios nela. meu irmão se comportou otimamente, fez amigos na fila de espera do raio-x e saiu de lá todo pimpão sem nada detectado - o que ele tinha era uma inflamação por causa de um corte que ele arranjou no pé.

o lado bom é que com a ressonância vai dar pra ver todo o extenso critério da minha beleza interior e descobrir quem é que tá de reboliço no cortiço pra poder dar providência. provavelmente depois desse resultado eu vou precisar fazer fisioterapia e depois atividade física.

não sei o que eu fiz pra merecer essa bad vibe na minha saúde, sabe? eu tenho tanto médico marcado e nenhuma vocação pra hipocondríaca, eu meio que acho que tudo sara sozinho, sabe? menos o joelho, porque dói pacas. mas esse lance de passar não sei quantos cremes no rosto não é comigo e nem esse negócio de monitorar as emoções do meu coraçãozinho.

de qualquer forma, quando eu voltar de são paulo, vou ter que, na marra mudar os hábitos por aqui. quer dizer, é aquela pergunta que volta e meia o Calligaris faz quando discute os prazeres contemporâneos nos seus textos: se um bandido te pergunta a bolsa ou a vida, o que você responde? no fundo, você sabe que tem que responder pra levarem a bolsa, porque não adianta ter bolsa sem ter vida. é como ficar sentado num galho que você sabe que vai cair. enfim.

a Ianna (querida) me mandou esse trecho do Guimarães Rosa pra me dar uma força e acho que eu preciso levar pra a vida. quem tiver precisando de força de vontade pra escolher a vida ao invés de bolsa, leve também.

"Compadre meu Quelemém, muitos anos
depois, me ensinou que todo desejo a gente realizar alcança - se tiver
ânimo para cumprir, sete dias seguidos, a energia e paciência forte de
só fazer o que dá desgosto, nôjo, gastura e cansaço, e de rejeitar toda
qualidade de prazer."
(Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas)

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