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terça-feira, 25 de maio de 2010

compre batom, compre batom, compre batom



meu nome é juliana e eu sou saudável. e tenho pé de galinha aos vinte e um anos.




meu nome é juliana e quando eu uso o batom da minha mãe fico piriguete. como pode?

vivendo e aprendendo a jogar




da série: Como a disney afetou minha noção de sujeito e função do feminino na sociedade e nas relações.



via pedro hijo que me conhece, me ama, me mima e me acha princesa da beleza interior mesmo sendo menina.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

infelizmente



se eu criasse a comunidade "mudo meus valores éticos e morais de acordo com as condições de minha auto estima" já teria a certeza da presença de pelo menos dois membros.


triste esse nosso mundo narcísico, viu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

esmaltes, sentimentalismo, lendas urbanas, extinção da calcinha e inquietações sobre o futuro.


Paris Hilton fazendo a fina


eu me assusto muito com a minha capacidade de não me assustar. quero dizer, eu acho que corro o risco até de ser jubilada se dessa vez eu não me implicar no processo ‘vamos-passar-em-estatística’ mas isso não impede que já uns dois meses eu não compareça a aula me aproveitando da justificativa simplista de que o professor não faz mesmo chamada.


tenho problemas sérios em assumir responsabilidades com coisas que não fazem sentido pra mim, o que na prática significa que sempre que preciso optar entre conversar com minha avó ou digitar um relatório que vale um ponto extra, eu fico com a minha avó f-á-c-i-l. avó tem prazo de validade, um trajeto de construção de memórias edificantes que ficarão para a vida toda e tudo o mais. eu assumo que, em resumo, sou a representação social máxima do clichê da pessoa emotiva que quer tomar conta com cuidado dos sentimentos de todos os envolvidos o tempo todo, usa casaquinho de lã e chora no cinema. a estatística estará lá indefinidamente para ser cursada, o colo da vovó não durará para sempre, infelizmente. não critico quem faz escolhas diferentes, mas essas são as minhas. aposto que se um ex-namorado meu, que tem como hobby me (escrotizar) questionar até sobre o meu próprio processo respiratório com um tom impaciente de crítica e menosprezo, lesse isso ele discursaria vitorioso, o seguinte: é muito fácil pensar assim quando o seu pai paga a sua faculdade, quando você não precisa sustentar uma família, quando você não tem ambições de crescer e amadurecer. ZZzzZZz. ok, pode ser mesmo muito fácil, mas enquanto eu puder escolher isso, não fode, me deixa escolher em paz que "a vida é minha, o pobrema é meu".


esse prólogo mimimi é só pra dizer que embora eu esteja ausente a dois meses da aula de estatística, eu estou sempre presente nas aulas de behaviorismo. (na prática, a aula de estatística começa sete e trinta e a de behaviorismo nove. na prática, pra estacionar dentro da faculdade a pessoa precisa chegar até seis e quarenta da manhã, porque tem tipo trezentas vagas para alunos de todos os semestres de uns cinco cursos diferentes [alô MEC, cadê você?]. então, como eu não vou pra estatística, eu sempre tenho que chegar no segundo round de filas para o estacionamento, que significa chegar oito horas e esperar até que o povo que foi pro primeiro horário saia as oito e quarenta e bradar com uma espada a um escudo por uma vaga. ) então que hoje eu cheguei atrasada na fila, não achei vaga e estacionei numa rua deserta lá pelos arredores da faculdade e desci andando feliz na rua. a questão é que eu sou genial sempre: salvador FERVENDO de quente e eu toda trabalhada no black! fora isso, sou um ás da inteligência e não sei calcular direito se vai dar tempo de atravessar a avenida toda e alcançar a faculdade enquanto o sinal está vermelho.


momento constrangimento do dia: são duas pistas, e no meio delas tem tipo um paralelepípedo comprido. eu atravesso uma e o sinal abre. resultado? fico lá, branca como a neve, toda de preto, agradecendo por estar usando um vestido que não faz a Marylin, em pé em cima do paralelepípedo enquanto os carros correm pra todas as direções. eu era tipo uma extensão daquelas lendas urbanas “ a loira do banheiro” e coisa e tal, sabe? a gótica do caminho das árvores. ridículo define.


o sinal abre de novo, chego na faculdade e descubro que não tem aula. HAHAHAHA interno (eu sei que sou loser) mas depois de toda epopéia de travessia, resolvo achar o que fazer pela faculdade até vencer a preguiça de andar de volta pro carro.


encontro dois amigos na biblioteca e começamos uma conversa profunda sobre como-nomear-os-esmaltes a partir de suas cores. tenho um problema sério com essa coisa de roer unhas então sempre pinto com esmaltes escuros para que seja tão feio se eu maculá-los que eu vença minha própria vontade de roer tudo (força de vontade ligou e disse que quer me conhecer, eu sei) então a piadinha favorita de um dos amigos é me dizer coisas como “que unha amazônica é essa? de piranha, hein?” ou “esmalte quase preto é igual a ‘estou offline para o amor’ né?”. sei que da evolução histórica das cores de esmalte, acabamos passeando pelo trajeto de repressão sexual da mulher, a troca da função fálica, como todas as mulheres estão andando iguais, como se analisarmos a postura social e histórica das prostitutas estaremos analisando sempre os próximos passos a serem caminhados pelas mulheres e quais são as considerações presentes e futuras que isso acarreta e acarretará – do tipo, a necessidade de muitos fetiches numa relação sexual porque o outro pelo outro já não é o bastante.


me digam vocês, pensar que pra já ou num futuro não tão distante o corpo e o outro vão ser pouco para instaurar e manter nosso desejo, que o velado na conquista e na sensualidade do feminino vai ser banido, que a galera vai transar a três com liquidificador ou a quatro dentro da máquina de lavar com o gato pra conseguir gozar, que sair com um peito de fora vestindo uma faixa estilo miss Brasil vai ser tendência, que a calcinha vai ser extinta quando inventarem uma pílula ou um spray tipo esses de matar inseto ( HAHAHAHHAAHA s-e-n-s-c-i-o-n-a-l) que proteja da proliferação de bactérias é coisa de psicólogo alarmista, de gente realista ou é completa viagem na maionese de quem não tem mais o que fazer?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

interativa



então que eu tô aqui na pegada do tenho-que-estudar-pra-a-prova-de-amanhã-mas-meu-cerebro-não-tá-afim e ai me ocorreu vir divagar aqui no blog e propor uma interativa sobre qual foi a coisa mais “não fode, tá?” dos últimos dias.

episódio um:

estava eu no msn, domingo de noite, miacabano juntando coisas pra fazer o relatório de um trabalho quando me abre a janela de conversa um ser dos tempos do colégio e que era um dos melhores amigos de um ex-namorado meu.

oi, tudo bem pra cá, você tá fazendo faculdade tal né pra lá – eu, já muito escolada na vida, já estava pensando sobre que diabo de favor esse ser do passado do ia me pedir. eis que ele, exercendo todo o seu senso de macho alfa, lança a idéia: ‘você não tá namorando né? eu te acho uma gracinha, vamos nos ver uma hora dessas’. sensacionalizo total e passo um minuto sem responder, porque né, disfarço inexistência de auto-estima com sarcasmo e minha ambição era dizer: HAHAHHAHAHAHA você tá de brincadeira né? você vai colar essa conversa no msn do “insira-o-nome-do-meu-ex-namorado-aqui” pra dizer que me cantou e ver como eu reagi né? HAHAHAHAHA (escreva aqui o grau de doença psíquica que você dá a uma pessoa que ao ser paquerada reage pensando que é pegadinho do malandro dos brodis)

ainda me ocorreu perguntar se a maconha tinha comido o cérebro dele mas seria muito violento e deselegante de minha parte, porque afinal, se era uma piada, eu reagir com tanta seriedade podia fazer com que ele me contasse que era só uma apostinha masculina juvenil. minha mãe, sempre lúcida, sugeriu que eu respondesse que salvador era um ovo e qualquer hora a gente acabaria se batendo por aí. claro que ela desprezou completamente a minha ideia de que o cara estava fazendo o joker e se no caso eu respondesse ‘opa, vamos sair’ ele ia responder: to de brinksssss.
no fim das contas, eu apenas fiquei aparecendo offline e demonstrando que aos vinte e um anos eu domino total a incrível arte da paquera. not.

episódio dois:

depois de ter me dado o desfrute de sair no sábado a noite, acabei passando o domingo com o foco em estudar e escrever pra um seminário + relatório que ia rolar hoje na matéria de dinâmica de grupo. meu grupo estava na mierda até os quarenta e cinco do segundo tempo quando arranjamos uma pessoa iluminada que trabalhava com grupo de movimento na teoria bioenergética – não era o que esperávamos, mas alô, era algo, né? entrevistamos a pessoa, tudo corria bem e domingo era meu dia de decorar conceitos técnicos e teóricos da coisa.

daí que hoje foi a apresentação, o grupo inteiro cansado, apresentando milhões de decorebas, a sala aplaudindo, aquela sensação de vitória nos esquentando no peito quando a professora faz ALOCKA – vulgo bruxa do setenta e um – surta geral e pergunta se nós entendemos a proposta do trabalho que ela passou, que nós fizemos TUDO errado, nos compara com o outro grupo, pergunta se a esta altura do semestre era pra estarmos assim tão sem saber do que se trata a matéria etc etc etc. alguns colegas da turma começam a emitir pareceres contra o que a professora estava falando, dizendo que o pensamento dela estava indo pelo caminho errado. A QUERIDA E MADURA PROFESSORA COLOCA OS DOIS DEDOS TAPANDO OS OUVIDOS PARA NÃO NOS ESCUTAR mostrando que maturidade, não trabalhamos. o FAIL do milênio. a certeza de uma prova final de dinâmica de grupo desnecessária. puta falta de sacanagem.

eaí, é melhor participar da pegadinha do malandro com amigo de ex namorado ou ser humilhada publicamente por professoras que gozam no sadismo com ketchup e que acham que a gente não entende a proposta?

opinem.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O corpo ainda é pouco.

Uma menina lá da faculdade, do meu curso, do meu campus, se suicidou. Eu não a conhecia nem sequer de vista mas tive a oportunidade de dividir uma mesa pra um café com alguns amigos dela, pessoas que a queriam bem, que ainda estavam tentando compreender a falta, o vazio, o espaço inacabado que ela deixara. Ouvi os relatos calada - quem sou eu para falar sobre o silêncio? Mas fiquei pensando nisso.

O suícidio é uma coisa chocante por essência, escolher dar cabo na própria vida nos parece a tradução de um desespero que não sabemos nomear, um retrato da desesperança que atormenta o juízo - para onde estamos indo? chegaremos? o que fazemos com o tempo que nos é dado? Não é mesmo por isso que falar de morte nos deprime tanto? Falar de morte é falar de vida - as flores de plástico não morrem porque nunca viveram de verdade - mas as pessoas de plástico que não vivem vão morrer porque um dia nasceram. E falar sobre a morte é repensar sobre a vida e o sentido que damos a ela, se trabalhamos demais, se estamos sempre atarefados, se nos impacientamos constantemente com aqueles que amamos ou se nos cercamos de solidão. A morte é um fato imutável, mas a vida é sempre uma possibilidade infinita de ofertas daí a dificuldade em escolher em que tom vivê-la, se é que pode-se dizer que sempre poderemos escolher.

O suícidio numa faculdade de psicologia ecoa nos corredores com questões que insurgem na angústia típica de outra característica que a vida exige: nós não controlamos nada, não sabemos de nada, não resolvemos nada - embora passemos pela vida achando que somos plenamente capazes de agendar nossos acontecimentos. Como bem me disse a amiga dela "ela me ligou de manhã, bem cedo, mas eu estava dormindo, não atendi, deixei pra lá, pensei 'depois eu ligo pra ela' só que não tem depois. eu não tive depois, sabe?"

Vamos todos os dias a faculdade, discutimos teorias, aprendendos farmacologia, diagnósticos e técnicas. Achamos que entendemos o funcionamento da mente alheia (vamos convir que esse é um lugar muito tentador para ocupar, o de conhecedor), que sabemos premeditar o que pessoas farão ou que captamos o sentido subjetivo do outro ou que saberemos resolver os problemas dos outros. Será? Será que é possível saber tudo isso? Achamos que é isso que faremos com as pessoas que nos chegarem em busca de escuta e auxílio? Vamos sacar tudo e resolver seus problemas? Isso não existe. Cada um resolve suas próprias questões, somos meros facilitadores, auxiliares de processo, assistentes de execução, revisores finais, tão humanos e falíveis, capazes de não perceber os sinais enviados pelo outro e até mesmo de não ouvir o que claramente é dito. É difícil sair de nós mesmos para analisar a perspectiva de outra pessoa - é um fato cultural, social, histório, biológico, sei lá e não nos iludamos com a ideia de que um simples diploma muda isso. Não muda.

A morte me assusta muito e eu até me embaraço diante da minha bobeira diante dela. Exemplificando: se alguma amiga minha moresse, a minha primeira vontade seria ligar pra ela pra compartilhar como eu me senti perante a morte dela, para saber como ela se sentiu em mais um fato que compôs a nossa história. Só que, dessa vez, ninguém me atenderia. A morte é o silêncio initerrupto do outro lado. A morte me lembra que preciso falar, falar, falar antes do silêncio. O tempo é curto - o corpo ainda é pouco - mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma a vida não para.

Que sentido eu dou a ela enquanto corro? Será que dou?


quarta-feira, 12 de maio de 2010

Piada pronta.



Penso que faculdades seguem um fluxo baseado no mais alto grau de sadismo possível que tem no afunilamento mental de fim de semestre o maior expoente do gozo com o sofrimento alheio já registrado. Em março e abril perdi as contas de quantas vezes o sono foi uma imposição tão mais interessante do que as aulas... mas agora, na derrocada final, maio e junho estou correndo uma são silvestre que - em três anos? sei lá? - descambará num possível (lendário) pódio (diploma?). Finjo que acredito nisso tanto quanto finjo que ir pra a faculdade é minha prática cotidiana. Mas até aqui, nenhuma novidade afinal qualquer ser que tenha tido a ideia de se meter num curso universitário nesse país tá careca de ser íntimo do deleite cruel dos finais de semestre. A melhor piadinha que já vi foi "final de semestre, vida inteligente na madrugada". Né?

Assim sendo, essa semana ( e bem no comecinho da próxima) eu precisava entregar uma entrevista com um estudante que estivesse estagiando em clínica para uma matéria, (coisa que fiz nos quarenta e cinco do segundo tempo, mas com muito prazer. Diria, de forma sutil, que minha turma tem um preconceito muito simpático com a psicanálise - infelizmente, bem fundamentado - o que me fez correr atrás que nem uma louca de um estudante que estivesse estagiando nessa linha teórica e não fosse completamente prejudicado mentalmente. aleluia. obrigada. amém), um seminário sobre a prática da dinâmica de grupo em instituições na cidade, um seminário sobre a visão behaviorista da consciência e do auto-conhecimento, a confecção e impressão de folders com a programação do forum de psicologia escolar que organizamos e será na sexta e mais uma prova de behaviorismo na terça, sobre comportamento verbal, regras e mais uns textos por aí.

Sorte minha estar metida em bons grupos, com pessoas capazes, inteligentes e responsáveis. Azar o meu que embora a aula comece as sete e trinta da manhã, chegando seis e quarenta na faculdade já não se acha onde estacionar, o que acarreta num belo passeio matinal no calor da bahia - que tem um tráfego muito charmoso, com motoristas muito educados, delicados e finos, confiram - até a faculdade. Mas a cereja mais docinha do bolo foi a gota dágua até mesmo nesse roteiro de pura sacanagem que é minha vidinha. Eu tenho milhões de defeitos - uma das brincadeirinhas mais jogadas entre os amigos é: insira uma moeda e critique Juliana ou fale sobre o quanto você morre de medo dela. A-d-o-r-o. (not) Mas, definitivamente, eu não sou uma pessoa grossa. Detesto grosseria na mesma intensidade que detesto babacas que acham que pagam mais IPVA que os outros ou que são mais bonitos que o resto da população e pensam que podem parar o trânsito porque é cômodo para eles e a humanidade que espere pacientemente ou tanto quanto detesto gente que vem com desculpa esfarrapada ou tanto quanto detesto gente que troca os amigos de sempre pelo namorado da estação. Pois é, enfim, detesto muito grosseria.

A pessoa aqui acorda numa dor de garganta doida, se acaba terminando um trabalho até tarde na noite anterior(só trabalhamos com última hora, desculpa brasil), acorda cedo porque a professora resolveu instituir que já que nós, queridos alunos do maternal dois, não chegamos no horário na aula dela, ela vai nos educar no super-nanny-wayoflife: quem passar de sete e quarenta não pode entrar na sala (um mimo, não é?). Meu grupo era composto por uma colega que tem neném que toma a última mamada as sete e por uma outra que tinha orientação de TCC as sete e quinze. Ok, já que eu sou mesmo a mais disponível,imprimi o trabalho e fui lá entregar. Até aqui, um dia de merda, mas nada de novo.

Daí que, meu grupo de outra matéria resolve pedir clemência para outra professora, vulgo, um adiamento para apresentar um seminário porque não conseguimos dar um passo pra a frente com relação a ele.
Cena: - professora fazendo ALOCKA completa, dizendo que ela não vai adiar o seminário coisíssima nenhuma, que nossa turma não quer nada com a hora do brasil, que ela não sabe porque essa resistência com relação a ela (tenho vontade de levantar o braço e sugerir que talvez seja porque ela disse para a sala toda coisas como "vocês me entregam essas coisas como se fossem resumos? FULANO, o seu está ruim, mas diante de outros catastróficos que li, até que te dei o ponto extra, não é" [ quero abrir um ps só pra dizer que a minha sala é uma das salas mais nerds que existem e todos os professores amam meus colegas profundamente] ou porque ela foi a bruxa do setenta e um constrangendo os coleguinhas em público, num banho de graciosidade com perguntas tipo " vocês pediram pra eu remarcar a data de apresentação para me mostrar ISTO? sinceramente?", mas depois repenso e acho que não será útil para a nossa relação esse tipo de clareza e esclarecimento e me calo. afinal, sou bondosa e deixo a professora seguir aquele ditado: as vezes a ignorância é uma benção). Passo a ser a porta-voz do grupo, na incrível arte de mendigar uma nova data implorando pelo não constrangimento de todos os envolvidos. Ela diz que não. Então, uma outra colega, de um outro grupo, chega na professora querida e pede pra apresentar o trabalho em outra data, porque a SALA inteira está organizando um forum que exige muito envolvimento, tempo e desgaste, impossibilitando que o grupo dela apresente com inteireza na primeira data pré-estabelecida, no dia X. A professora muda a data da colega para o dia mais conveniente. Sorri para nós e diz: então, vocês passam a apresentar nesta data, no dia X, no lugar do grupo delas, ok?

Uma pausa. Respiramos fundo. Estamos na completa merda e sabemos que agora não interessa mais que dia vamos falar de nada, o zero é um fato absolutamente consumado. E ela ainda vai pagar de boazinha porque mudou a data enquanto nos questionará se foi pra apresentar aquela porcaria que pedimos adiamento. Aceitamos a data nova e saímos.

Não é que hoje a professora querida, sorrindo para a turma, sugere um ponto extra para quem for ao forum (que toma um dia inteirinho) porque ela "quer ajudar depois do absoluto fraco desempenho na avaliação" e finge a maior surpresa quando as colegas replicam que somos nós mesmos que estamos organizando o forum?

Estou tão doente e tão cansada que mandei tudo pra a pqp, botei um pijama, catei umas pastilhas pra garganta e fiquei em casa ouvindo meu top10 de músicas de Chico Buarque num repeat infinito, chorando até morrer por tudo que digo e pelo que nem ouso cogitar dizer e tomando chá.

A tragédia é pouca, mas o pause é eminente.

sábado, 8 de maio de 2010

Puta falta de sacanagem

Como no fim das contas eu não tinha nada pra fazer no sábado - minha prima me convidou pra ir pra uma boate onde ia ter forró e uma dupla sertaneja, mas né - acabei saindo pra jantar com meus pais e um pessoal deles. A história toda é um apic fail clássico e completo, então, vamos lá.

Como tenho muita dificuldade com ambientes hostis (na verdade, com qualquer espécie de hostilidade de forma geral) fiquei com cara de bunda e sorriso amarelo me fazendo de surda grande parte da noite, na menor parte conversei sobre carros e futebol com os homens da mesa e foi o momento mais interessante de todos. Mas, vamos ao que interessa.

Fomos os primeiros a chegar, pegamos a mesa e sentamos. Pessoa 1 chega e me diz "oi! nossa, como você tá linda!" - sorrio amarelo e agradeço, mas ao ver que pessoa 1 está usando um combo composto por: cabelo loiro platinado + batom vermelho + colant de oncinha + saia + plataforma começo a me questionar até que ponto é um elogio ter passado ilesa pelo crivo de "bom senso" dela, enquanto penso tudo isso, pessoa um complementa o elogio "você cortou o cabelo? ah não, você prendeu pra trás. parece que você tem doze anos!". Pessoa 1 fail em ser simpática.

Pessoa um me pergunta porque eu não levei o namorado pro jantar de hoje. Respiro fundo - o namoro terminou há uns dois meses - rezo para meus pais não abrirem a boca , sustento o carão e faço a egípcia na saideira: "ah, ele está em casa, está meio doente". meu pai dá um sorrisinho sacana de canto de boca pra mim. no fim das contas, foi uma meia verdade, porque ok, é ex-namorado mas é um dos meus melhores amigos então não faço ideia se tava em casa mas a parte do doente era verdade. fail pra minha preguiça de explicar e discutir fatos do meu (problemático) passado amoroso com gente que usa colant de oncinha e pergunta pra minha mãe o que ela achou (fica aqui o registro que minha mãe não pinta a unha nem com esmalte renda porque acha que tem cor demais.)

Pessoa dois chega e começa o festival de grosserias com o garçom. Fico tão sem graça que acho que acabo agradecendo a ele por tudo inclusive por nada ou por ficar em pé respirando ao invés de esfaquear pessoa dois, como ela realmente merecia. Pessoa dois tem um tique no olho direito que funciona assim: enquanto o olho esquerdo dela fica parado e funciona normalmente, o olho direito fica girando na órbita e piscando sem parar. Faço um esforço absurdo para não ficar secando pessoa dois. Consigo. Pessoa dois vira pra mim e diz: "amiga, porque você não quer carregar o meu bebê?"

1) que tipo de pessoa com mais de vinte e quatro anos chama alguém de amiga? ainda mais quando não é amiga? 2) que tipo de pessoa oferece o bebê pra você carregar?

dou um sorriso cretino, invento uma gripe e digo que por isso não posso pegar o bebê. começo a me envolver nas conversas automobilisticas e futebolisticas e escapo semi-ilesa do evento no final das contas. volto pra casa e me dou conta de que, havia uma pessoa de vinte e seis anos lá, casada, com um filho e trabalhando enquanto eu aos vinte e um fui promovida a estar pra titia, sem emprego e com nenhuma perpesctiva. epic fail. puta falta de sacanagem.

Namorado.

Pra quem trabalha com bom senso e sabe que escolher e arranjar namorado é um processo que por um triz não leva ao manicômio, fica aqui essa deliciosa lista de critérios que devemos levar em consideração se estivermos considerando arranjar um namorados dos bons.
Os desenhos são da artista plástica Katie Turner, as imagens e o trabalho dela eu conheci nesse post aqui da Juliana Cunha.

Pessoalmente, risco fácil o número três e o número cinco. Mas não sei como viver sem a expresa frequência cotidiana do dois e do sete! Fica a dúvida: onde encontrar um desse, rapaziada? ainda se fabrica? existe?




quinta-feira, 6 de maio de 2010

FAIL

Você sabe que tomou um FAIL sincero da vida quando:

a) sua vida social é tão intensa que seu tanque de gasolina dura três semanas
b) tendo o tanque sofrido pequenas baixas no ponteiro em decorrência apenas de ficar com o carro ligado mofando até uma hora na fila para estacionar na faculdade
c) o fato de seus únicos planos pro final de semana serem jogar the sims e estudar pra um seminário, *em que você não pretende vender a alma ao diabo nem lidar com a escolha de uma linha teórica em psicologia como prática religiosa criada por um fundamentalista no irã*, numa turma puxa-saco
d) todas as anteriores


Puta falta de sacanagem, viu.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Whatever works.




Acho que muita ansiedade acaba tirando muito da possibilidade de se sentir prazer quando enfim consegue-se realizar o desejo. Depois de esperar que o filme começasse a passar em Salvador (coisa que não acontece, embora vinte e cinco salas de cinema estejam passando Alice e Homem de Ferro 2), acabei assistindo Whatever Works, novo filme do Woody Allen, aqui em casa, graças ao DVD que um amigo querido me emprestou.

O filme é muito bom e, pra mim, fica ainda melhor quando os pais de Melody aparecem. Tem momentos realmente iluminados - como a cena em que Melody termina com Bóris, a reflexão final dele, a teoria completa para não-explicar o amor e toda a trajetória do filme em descontruir o conceito de sentido e significado, tão intrisecos a nossa cultura ocidental mesmo apesar da conversa de "completude impossível" da psicanálise.

Me aborreceu um pouco o novo amor de Melody e Randy, porque acho forçoso demais ver alguém lânguido e loiro uma vez e a partir daí se auto-proclamar apaixonado o suficiente para bagunçar um casamento (tendo aparato e suporte da mãe da moçoila, inclusive) - mas pensando bem, agora, sei que na vida real é assim que as pessoas jovens (alô, meus vinte e um anos tão ligando pra marcar presença) fazem as coisas: muita emoção, muita comoção, uma crença obstinada, nenhuma razão, muita esperança e muita vontade de experimentar coisas novas e viver a vida loka intensamente. Definitivamente, sempre me frustro quando o inteligente que, por mais torto e egocêntrico que seja, acolhe e ensina é trocado por outra pessoa, apenas porque esta é bonita. (não me venham com chorumelas, sem ter nunca conversado com alguém, é absolutamente impossível julgar se a pessoa é mais interessante ou não). Mas, o apego a beleza é inerente a juventude e, hoje em dia, essencial para continuarmos consumindo enquanto nos massificam na era da estética e das tatuagens de cerejinha. Sono. Tem uma hora que Melody fala pro Boris que ele perde de aproveitar as coisas boas da vida porque parece uma criança mimada fazendo birra porque a vida não é do jeito que ele gostaria que fosse. Olá, identificação. Ela podia ter dito pra mim. Basta reler a minha crítica aí em cima e perceber isso. O final do filme é bonito, e entendo porque a critica compare com Vicky Cristina Barcelona, expondo que há uma perspectiva mais otimista, mas me lembrou muito Annie Hall, com um final artístico, de pessoas que tiveram tantos conflitos e depois seguem circulando como se tudo fosse normal, como se tudo pudesse dar certo.


A grande questão que fica na minha cabeça agora, após ter assistido o filme é sobre o sentido do amor e a perpesctiva de seu término. Estar num relacionamento e amar é simplesmente engolir o outro, decodifica-los, nos apropriarmos do que julgamos melhor no seu discurso e depois dar o fora? Acho que não, realmente acho que não é isso, e até concordo com a perspectiva do filme de que o amor não é uma escolha e sim uma questão de sorte, acaso, jogo de dados cósmicos, mas não consigo deixar de me inquietar e me incomodar com o fato de Melody ter consumido o que havia de melhor em Bóris, somado ao que havia de melhor nela - o interesse nas pessoas, a esperança de um futuro melhor, a curiosidade pelas idiossincrasias de cada um - e então, o tenha abandonou para viver com o ator bonito que, (como diz @sobaminhalente quando quer me fazer sentir burra) eu não entendi a proposta da presença e da relevância no enredo. (sim, eu sei que Melody e Bóris eram realmente muito diferentes, que obviamente ela só se meteu na relação com Boris pelo mesmo motivo que se meteu na relação com o Randy: ser jovem, não saber o que está fazendo, ter sede de viver e ser facilmente impressionável/encantável/conquistável)(e sim, eu também sei que muito de Melody fica em Bóris durante e depois do desenvolver da relação, eu juro que entendi a proposta, viu @sobaminhalente)

De qualquer forma, acredito que o pleito é válido: aproveitar os bons momentos já que a finitude é certa, seja lá no arranjo qualquer que você faça, seja lá o que funcione.