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quinta-feira, 20 de maio de 2010

esmaltes, sentimentalismo, lendas urbanas, extinção da calcinha e inquietações sobre o futuro.


Paris Hilton fazendo a fina


eu me assusto muito com a minha capacidade de não me assustar. quero dizer, eu acho que corro o risco até de ser jubilada se dessa vez eu não me implicar no processo ‘vamos-passar-em-estatística’ mas isso não impede que já uns dois meses eu não compareça a aula me aproveitando da justificativa simplista de que o professor não faz mesmo chamada.


tenho problemas sérios em assumir responsabilidades com coisas que não fazem sentido pra mim, o que na prática significa que sempre que preciso optar entre conversar com minha avó ou digitar um relatório que vale um ponto extra, eu fico com a minha avó f-á-c-i-l. avó tem prazo de validade, um trajeto de construção de memórias edificantes que ficarão para a vida toda e tudo o mais. eu assumo que, em resumo, sou a representação social máxima do clichê da pessoa emotiva que quer tomar conta com cuidado dos sentimentos de todos os envolvidos o tempo todo, usa casaquinho de lã e chora no cinema. a estatística estará lá indefinidamente para ser cursada, o colo da vovó não durará para sempre, infelizmente. não critico quem faz escolhas diferentes, mas essas são as minhas. aposto que se um ex-namorado meu, que tem como hobby me (escrotizar) questionar até sobre o meu próprio processo respiratório com um tom impaciente de crítica e menosprezo, lesse isso ele discursaria vitorioso, o seguinte: é muito fácil pensar assim quando o seu pai paga a sua faculdade, quando você não precisa sustentar uma família, quando você não tem ambições de crescer e amadurecer. ZZzzZZz. ok, pode ser mesmo muito fácil, mas enquanto eu puder escolher isso, não fode, me deixa escolher em paz que "a vida é minha, o pobrema é meu".


esse prólogo mimimi é só pra dizer que embora eu esteja ausente a dois meses da aula de estatística, eu estou sempre presente nas aulas de behaviorismo. (na prática, a aula de estatística começa sete e trinta e a de behaviorismo nove. na prática, pra estacionar dentro da faculdade a pessoa precisa chegar até seis e quarenta da manhã, porque tem tipo trezentas vagas para alunos de todos os semestres de uns cinco cursos diferentes [alô MEC, cadê você?]. então, como eu não vou pra estatística, eu sempre tenho que chegar no segundo round de filas para o estacionamento, que significa chegar oito horas e esperar até que o povo que foi pro primeiro horário saia as oito e quarenta e bradar com uma espada a um escudo por uma vaga. ) então que hoje eu cheguei atrasada na fila, não achei vaga e estacionei numa rua deserta lá pelos arredores da faculdade e desci andando feliz na rua. a questão é que eu sou genial sempre: salvador FERVENDO de quente e eu toda trabalhada no black! fora isso, sou um ás da inteligência e não sei calcular direito se vai dar tempo de atravessar a avenida toda e alcançar a faculdade enquanto o sinal está vermelho.


momento constrangimento do dia: são duas pistas, e no meio delas tem tipo um paralelepípedo comprido. eu atravesso uma e o sinal abre. resultado? fico lá, branca como a neve, toda de preto, agradecendo por estar usando um vestido que não faz a Marylin, em pé em cima do paralelepípedo enquanto os carros correm pra todas as direções. eu era tipo uma extensão daquelas lendas urbanas “ a loira do banheiro” e coisa e tal, sabe? a gótica do caminho das árvores. ridículo define.


o sinal abre de novo, chego na faculdade e descubro que não tem aula. HAHAHAHA interno (eu sei que sou loser) mas depois de toda epopéia de travessia, resolvo achar o que fazer pela faculdade até vencer a preguiça de andar de volta pro carro.


encontro dois amigos na biblioteca e começamos uma conversa profunda sobre como-nomear-os-esmaltes a partir de suas cores. tenho um problema sério com essa coisa de roer unhas então sempre pinto com esmaltes escuros para que seja tão feio se eu maculá-los que eu vença minha própria vontade de roer tudo (força de vontade ligou e disse que quer me conhecer, eu sei) então a piadinha favorita de um dos amigos é me dizer coisas como “que unha amazônica é essa? de piranha, hein?” ou “esmalte quase preto é igual a ‘estou offline para o amor’ né?”. sei que da evolução histórica das cores de esmalte, acabamos passeando pelo trajeto de repressão sexual da mulher, a troca da função fálica, como todas as mulheres estão andando iguais, como se analisarmos a postura social e histórica das prostitutas estaremos analisando sempre os próximos passos a serem caminhados pelas mulheres e quais são as considerações presentes e futuras que isso acarreta e acarretará – do tipo, a necessidade de muitos fetiches numa relação sexual porque o outro pelo outro já não é o bastante.


me digam vocês, pensar que pra já ou num futuro não tão distante o corpo e o outro vão ser pouco para instaurar e manter nosso desejo, que o velado na conquista e na sensualidade do feminino vai ser banido, que a galera vai transar a três com liquidificador ou a quatro dentro da máquina de lavar com o gato pra conseguir gozar, que sair com um peito de fora vestindo uma faixa estilo miss Brasil vai ser tendência, que a calcinha vai ser extinta quando inventarem uma pílula ou um spray tipo esses de matar inseto ( HAHAHAHHAAHA s-e-n-s-c-i-o-n-a-l) que proteja da proliferação de bactérias é coisa de psicólogo alarmista, de gente realista ou é completa viagem na maionese de quem não tem mais o que fazer?

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