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segunda-feira, 28 de junho de 2010

e o dunga?

enturmando




embora eu já esteja trabalhando no ritmo de férias (leia-se: passar a madrugada do computador e a manhã dormindo) eu não estou de férias e hoje tive duas provas.

aparentemente, tive um problema no processo do boleto bancário referente ao pagamento de segunda chamada da faculdade que insistia em constar como não-pago. depois de muitos mimimis descubro que naquela situação não posso fazer prova - só que, olha só, eu paguei o boleto. "se pagou o boleto, só trazendo o comprovante então." ligo pra minha mãe, que diz que pagou mesmo o boleto e que o comprovante tá em casa, na gaveta. pego o carro e venho buscar esse boleto pra fazer a tal da prova.

chego na garagem com o som bem alto. vejo um grupo de senhores e senhoras de cabelo branco balançando negativamente a cabeça para o meu 'barulho'. abro a porta e o carro inteira grita pelos alto falantes "quando eu nasci veio um anjo safado / um chato dum querubim/ e decretou que eu tava predestinado / a ser errado assim / já de saída minha estrada entortou / mas vou até o fim". coloquei as coisas na bolsa, bati a porta e quando virei pra pegar o elevador: todos os vovôs estavam sorrindo! um até me disse "você gosta de chico! sabe que eu também adoro?"

depois de ter arranjado esses amigos e paqueras que compartilham meu gosto e minha predisposição para a balada, meu dia melhorou mil por cento. embora @pedrohijo diga que chico é chato pra cacete, ele sempre salva meu dia. peguei o boleto, voltei pra a faculdade, perdi uma hora no financeiro, fiz a prova, me lenhei e cá estou, esperando para fazer final semana que vem.

"Como já disse era um anjo safado, um chato dum querubim, que decretou que eu tava predestinado a ser todo ruim"


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tapando buracos.



As vezes eu tenho certeza de que o meu papel na vida de algumas pessoas é estritamente temporário: sou uma enorme tampa de bueiro que sempre é menor ou maior que o tamanho exato do buraco (que sempre é mais embaixo) e que fica sendo usada de maneira aleatória para preencher a obviedade da lacuna em doses homeopáticas. Uma espécie de "banco de reservas" que é utilizado as terças e quintas em que não há nada para fazer mas que quanto mais esperneia de sua própria condição, mais a escanteio é deixada.

Os sábados são dias de solidão, então.

terça-feira, 22 de junho de 2010

fala sério, Brasil.

Curto muito que o Brasil se pretende um país sério, de primeiro mundo, de gente alegre que tem jeitinho brasileiro e não paro de ver a juventude do país falando merda na internet. Acho válida a ideia da internet enquanto mei social que dá voz a quem não tem voz mas tenho medo as vozes que leio. O episódio do Dunga xingando o jornalista foi completamente bizarro dentro de uma visão ética e moral: alguém aqui curtiria ser xingado por alguém enquanto trabalha? e se fosse o chefe da sua mãe que xingasse ela, você ia achar sua mãe 'otária se fazendo de vítima'? enfim. O cara é um profissional, tem que agir como profissional - claro que a mídia é um saco, pega no pé, lembra só do que convém, faz pressão (uma mídia talvez mal acostumada pelos técnicos anteriores que ávidos por popularidade e aceitação faziam conchavos com ela para ouvir elogios e bem chegar aos ouvidos da torcida - Dunga não se encaixa neste perfil, e isto não é nem um elogio nem uma crítica) e quer noticiar qualquer coisa levando tudo pro lado negativo com relação a ele. Mas é isso aí, o Lula tá aí sendo massacrado há oito anos, já falou várias pérolas mas eu ainda não li em lugar nenhum que ele chamou algum jornalista de cagão.

Vida pública em profissões de clamor do popular = panela de pressão. Se avaliações psicológicas se fizessem para selecionar candidatos ao cargo de técnico,a capacidade de suportar pressão certamente seria avaliada. Acho massa quando ele é irônico, quando ele é sarcástico, quando ele se recusa a receber os carinhos da mídia que lhe cuspia dois dias antes, tudo fantástico. Mas acho rídiculo que ele ofenda alguém porque discorda dele e acho mais rídiculo ainda ler tweets e comentários de youtube dizendo que a rede Globo está se fazendo de vítima, que o Escobar é um mala, que Dunga está certíssimo e que "Cala a boca Tadeu Schmidit".

Cala a boca é o caralho, que nação é essa onde as pessoas acham normal que alguém ofenda alguém só porque está sobre pressão? Vamos justificar a galera que queimou o índio Gaudino assim também? Me avisem quando descobrirem aonde vamos parar a partir do momento que consideramos que o desrespeito é de boa e o desrespeitado tem que calar a boca.

Discordo também do tweet mais famoso da situação: "Xingou o técnico, é jornalismo; xingou os jornalistas, é crime contra a liberdade de imprensa". Admiro muito gente que sobe nas tamancas pra tentar justificar o injustificável. E me sinto tão professora de alfabetização vindo aqui escrever que ninguém deveria poder xingar ninguém e que lá vem a galera querer colocar ponto onde não tem i: o quê que a censura tem a ver com isso, meu Deus? que jornalista xingou o dunga? alguém me explica? A professora do meu irmão diz pra ele e seus colegas de cinco anos: 'não pode brigar com o coleguinha, hein? bater é coisa feia, chamar de bobo também, menino educado não faz isso'.

A juventude twitteira não fez o pré-primário?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José.

"O que a memória amou fica eterno"
[Adélia Prado]




Sei que muita gente vai falar da morte de Saramago. Alguns vão enaltecer seu talento literário. Outros vão criticar suas opiniões políticas e alguns outros ainda irão fazer estudos e comparativos sobre sua obra inserida num momento histórico, num movimento literário ou com relação a autores de sua mesma geração/geografia/ideologia. Sei ainda que muita gente vai se declarar leitora de Saramago porque é muito 'in' e não duvido até que a notícia de sua morte vire tópico recorrente no twitter ou assunto a ser analisado em mesa de bar.

O meu post não é pra nada disso. Não é sobre nada disso. Não sou entendida de literatura,nem de política e nem de fanatismo - não vou compara-lo com Lobo Antunes, discordar do seu comunismo dinossaurico, copiar trechos de livros famosos ou mostrar o quanto 'eu-sou-a-inteligente-leitora-de-saramago'.

Eu só queria mesmo era agradecer ao José, por ter me dado tanto prazer numa leitura, tanta tristeza no meio dos livros, tanta solidão, tanta reflexão. Eu só queria dizer que vou sempre me lembrar de ficar largada, com olhos fundos e dor de cabeça, querendo entender porque aquela falta de vírgula me atrapalahava tanto a leitura e porque aquelas cenas descritas me vertiginavam tanto. Eu só queria agradecer ao José por ter escrito um livro que mexe tanto comigo. Eu só queria dizer ao José que pelas palavras dele, os meus olhos se abriram tanto mais e quase tanto que saltaram das órbitas: viver nesse mundo de cegos nos faz sim cegos e é trabalho demais continuar tentando enxergar. E depois queria abraçar o José, o José que fala no documentário "Janela da Alma" sobre a importância de ter olhos para ver quando ninguém mais o faz.

Fico muito triste com a sua partida, mas é como diz o Lenine: "é que a gente vai, a gente vai, e fica a obra. eu persigo o que falta, não o que sobra. eu quero tudo que dá e passa. quero tudo que se despe, se despede, despedaça... o que é bonito!"





* O documentário Janela da Alma vale muito a pena;

segunda-feira, 14 de junho de 2010

meu coração parece que perde um pedaço, mas não.



Estou lendo o livro "Chico Buarque - Histórias de canções" e quando me deparei com a letra de "Leve", música que eu adoro e que a revista Bravo! já colocou entre as cem melhores da nossa música popular brasileira em edição especial com o top100, me lembrei do quanto ela tem a ver com esse rolo cotidiano em que me meti: só o amor não serve, ou é um tipo de amor específico ou fica-se sem amor nenhum ; as palavras que foram de verdade se retorcem e diante de algumas atitudes acabam apontando setas para o fato irremediável de que viraram mentiras e, por fim, como é difícil ser gente e saber lidar com o não, a frustração, a perda, o vazio, o ausente que fica. Drummond já disse, num poema lindo e muito bem batizado de Ausência, para não lastimarmos a ausência acreditando que ela seja falta, mas para a abraçarmos percebendo que ela é nossa, mas nem sempre é fácil e para alguns é ainda mais difícil.Já diz a sábia da minha avó " o que não tem remédio, remediado está". O problema é distinguir remédio de veneno - já arrancaram minha cabeça da cortiça.

Enquanto isso, faço dessa pérola que é "Leve", um hino dos meus sentimentos nesse momento. Sinceramente.

Leve, Chico Buarque e Carlinhos Vergueiro.

"Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense como eu vim de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será tudo de bom
Mas não me leve

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo"



domingo, 13 de junho de 2010

Define

Achei hoje uma comunidade no Orkut que dá sentido a minha vida:

Não tô sabendo lidar com isso (4.168 membros)
Vocês tão percebendo? Eu tô ficando meio triste.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Abertura da copa do mundo.


Eu e meu pai na vista linda da ponta do Cabo da Boa Esperança


Eu e meu pai numa das cachoeiras do "The Palace of the lost city"


Cabo da Boa esperança


Na frente do The Palace, hotel localizado próximo a baía da Cidade do Cabo


Eu, adolescente,num calor danado no Cabo da Boa Esperança

Eu passei dez dias na África do Sul em 2004. Foi uma viagem inesperada e maravilhosa pra quebrar paradigmas. Infelizmente, não posso dizer que as coisas que ouvimos sempre sobre o país e sobre o continente em que ele se situa não sejam bem assim. Contra os fatos da pobreza, da fome, da doença e da violência não há argumentos né? Quando estive lá, a capital Joanesburgo detinha o recorde de cidade com mais estupros por minuto. Não sei a quantas andam as coisas por lá hoje em dia, mas sei que é nessa cidade que o Brasil vai jogar nos próximos dias. Posso dizer, contudo, que não vim aqui falar sobre as diferenças sociais porque disso certamente pessoas muito mais capacitadas do que eu já falaram exaustivamente.

Estando na África do Sul, passei por Joanesburgo, Cidade-do-cabo, primeiro hotel seis estrelas do mundo, Cabo da Boa Esperança e pelo Safari. De tudo, certamente o que mais amei foi a cidade do Cabo. Tenho certa resistência aos clichês, mas a cidade é extramemnte turística e acaba tendo vida pulsante, restaurantes maravilhosos, shoppings elegantes e uma grande oferta cultural. Meu pai voltou de lá cheio de cds de música africana - o nosso cantor favorito se chama Ismael Lo, recomendo.

Acho que esse foi o grande mérito da festa de abertura da copa hoje - muito mais do que as bandas americanas famosas usadas como chamarizes - foi a exploração da variedade da cultura musical local. Infelizmente, minha memória é uma droga e eu não vou lembrar dos nomes das pessoas, mas acho que foi super válido desmistificar que todo mundo da África bate o timbau e já ir abrindo as portas para a Copa de 2014 quando nós é que vamos mostrar que vamos além do berimbau e do pandeiro de escola de samba. Vamos além porque isso também é nosso, assim como a percussão é presente na África, mas não só.

Assisti a abertura toda e pude acompanhar um cantor antigo de lá cantando com uma moça revelação numa pegada jazz, um casal de cegos de Mali cantando um "afroblues" ( algumas de minhas definições musicais reducionistas eu pesquei do comentarista da Globo), uma mulher do Benin que tinha um vozeirão maravilhoso e cantava no "típico" estilo africano, um rapaz que fazia música política-folk de um jeito que combinava com jantar e vinho, um grupo de funk-rap que está bombando com a juventude africana, uma banda de rock experimental, uma banda de rock melódico (emo) que está bombando na Alemanha, um grupo do norte do Mali que se apresenta numa pegada árabe e um cantor da Somália que canta a não-oficial música pop tema desta copa. Ou seja, uma diversidade cultural enorme dentro do próprio nicho musical que foi brilhante, que proporcionou ótimos shows e despertou atenção para as formas de expressão das mensagens do outro, de outra realidade, fruto de outras vivências. Tirou, hoje na tv, as pessoas dos rótulos em que costumeiramente as amarramos - são africanos, e pops, rockers, dnaçantes, étnicos, árabes, do jazz, do folk...
Ainda teve a homenagem linda pro Madiba Mandela e pro Arcebispo Desmond Tutu - que vão merecer sempre o respeito pelo que fizeram. Eu gostaria muito de estar na África agora e de poder visitar o museu do Apartheid.

É isso que espero desta copa, que além de impulsionar o país ao avanço na sua "meta de educação", possa proporcionar um conhecimento mais amplo, a possibilidade se surpreender com as descobertas de coisas que julgávamos não existir, desse lugar ainda cercado de mitos e lendas no resto do mundo.

As coisas que perdi.

"De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa, morna e ingênua que vai ficando pelo caminho..."



Concordo com a paródia que eu mesma faço daquela música do Pato Fu: as coisas que ganhei, nem um troféu como lembrança pra casa eu levei. As coisas que eu perdi, essas sim, eu nunca esqueci.

Essa semana, enquanto eu me abraço nas perdas que estão acontecendo, olho pra frente resignada por me conhecer e saber que eu sou do tipo que não volta atrás, questiono o sentido das frases ditas, das verdades que viraram mentiras e dos corredores da história, comecei a elaborar um luto gigante de todas as perdas que perdi até hoje e nunca esqueci.

Desde o primeiro menino que gostei na segunda série até a última ilusão que tive sobre alguém, estou chorando tudo que perdi esses dias. Peguei perda por perda, fiz nós bem fortes, amarrei uma corda-de-perdas e fiz o caminho inverso dos fugitivos: escalei minhas perdas pra me prender na torre com elas.

De cá do meu calabouço masoquista, só consigo ouvir essa música aqui, chorar e pensar no quanto é foda o quanto isso é verdade na minha vida, sempre.

"E o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo."




"Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás"


Poema - Cazuza, Frejat.

terça-feira, 8 de junho de 2010

amar é

amar é escrever cinco páginas de prova de manhã e passar a noite escrevendo milhões de coisas nos cartões dos amigos aniversariantes do mês mesmo sendo portadora de uma tendinite crônica no braço direito.

domingo, 6 de junho de 2010

maníaca do tcc

se eu fosse uma pessoa que segue as regras da faculdade, deveria estar apresentando meu tcc na pré-banca esse mês. como não é o caso e confecção de tcc e eu só nos encontraremos ano que vem, eu não manjo muito bem o "é in / é out" da confecção do trabalho. pareço uma criança que vai aprender a andar enquanto tateia: "opa, pode ser estudo de caso? ah, de filme, sério? e até de revista? não diga! eu achava que só podia ser pesquisa! o quê? revisão de literatura? nããão brinca!". repita o diálogo infinitamente a medida que descubro coisas novas.

o fato é que, as pessoas da minha sala estão todas se preparando para apresentar o tcc na pré-banca e minha nova onda é ficar andando pelo laboratório de informática como quem nada quer enquanto pergunto: "opa, você por aqui? ah é, fazendo tcc? qual é o seu tema? jura? posso assistir?"

verdade seja dita: eu acho todos os temas interessantes. mesmo coisas que eu nunca faria me interessam porque provavelmente eu por minha conta nunca lerei com afinco sobre elas e posso vir a aprender assistindo as pessoas falarem sobre com referências já pré-selecionadas. fast food do conhecimento, estou lançando.
ou seja, agora em junho, pretendo inserir na minha agenda lotada de jogos da copa, compromissos como tccs sobre luto, morte, doentes terminais (aparentemente as pessoas da minha sala tão curtindo uma morbidez), apego, psicologia hospitalar, saúde do trabalhador, a representação do corpo na contemporaneidade (amo esse tema!), uma análise de supernanny na formação moral das crianças (sensacional!)e o que é um casal (o que é meu Deus, o que é? preciso ver esse tcc e descobrir).

enquanto isso, saio perguntando a qualquer pessoa de qualquer curso se ela está fazendo tcc, qual é o tema, peço explicações, preencho lacunas. tenho interesse num tcc de jornalismo sobre trilogias no cinema, um tcc de biologia sobre a praga que é o barbeiro, um tcc de direito sobre uma proposta que eu não compreendi muito bem, um tcc em odonto sobre as relações de saúde bucal com patologias como diabetes e hipertensão e até mesmo um tcc em engenharia química sobre eu nem sei o quê, realmente não captei a proposta.


nesse mundo capitalista em que tudo tem que ser rentável, tô pensando em converter meu interesse genuíno em melhores condições financeiras. sabe as carpideiras que choram em enterros? pois é, tô pensando em ser uma profissional que aplaude tccs. e se você que estiver lendo isso, estiver fazendo tcc, me conta logo, qual o seu tema? como foi pra escolher? onde você quer chegar?

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ócio também é cultura



final de semestre, aquele turbilhão de trabalhos a serem apresentados e aquele mundo de textos que temos que dar conta de ler.

tive um seminário sobre psicologia, consumo, mídia, publicidade e as interferências nos processos de subjetivação do sujeito. o mais legal é que eu usei no seminário, pra explicar e descrever esse bando de fenômenos, duas coisas que achei de bobeira no meu google reader. um vídeo muito interessante que achei no Update or Die falando sobre a invasão de uma loja de eletrodomésticos da paraíba graças a uma promoção em que vendia tvs por duzentos e noventa e nove reais. o saldo disso foram cinquenta feridos e um morto. outro artigo que vi no meu reader e foi útil demais na confecção do seminário foi o da Eliane Brum essa semana na época.

é muito fácil usar a mídia e a publicidade para falar delas mesmas, alguém diria. mas eu usei também os filmes 'as melhores coisas do mundo'; 'um sonho possível' e 'como treinar seu dragão', um texto do Calligaris na Folha e a coluna passada da Eliane num seminário de psicologia escolar.

tenho uma preguiça interminável de gente que acha que estudar é só ler o texto técnico que a professora passou, decorar e ir lá fazer prova. tenho um medo terrível de virar uma dessas pessoas que não tem 'tempo' de ir pro cinema porque está estudando. pode até ser que eu tenha a sorte de fazer um curso privilegiado, em que vivências de fora, os livros que li, os filmes que vi e mais do que tudo isso, as ligações que eu construi entre eles sejam relevantes de alguma forma na construção do meu conhecimento de maneira igualitária a repetir em forma de eco o que os outros pensaram e mastigaram antes de mim.

contudo, vejo uma preguiça presente nesse discurso. ler e decorar é tão mais fácil do que tentar fazer redes, correr atrás, refletir, compreender mensagens, associar, compartilhar e discutir os assuntos. textos mastigados de pensadores são estudar. ir pro cinema, ler o google reader ou o livro de Chico Buarque que Vini me emprestou são um ócio, e por isso não precisam ser priorizados. minha mãe vive dizendo que não me vê estudar porque eu só fico no computador. ledo engano. até o filme "O segredo dos seus olhos" foi interessante para fazer conjunção num estudo de caso que ocorreu nos EUA em 1970 e que estávamos estudando. me ajudou muito.

é claro que as coisas não mudam. claro que a sociedade contemporânea caminha pra encruzilhadas sinistras. como as coisas podem mudar se a gente não consegue perceber o que há de contéudo cultural, social, educacional, psicológico em todas as coisas? e sempre há. sempre. outro dia vi no meu reader como seria guerra nas estrelas se o george lucas fosse japonês. todo mundo de quimono, samurais e dragão. sensacional. alguém pensou no que já é, entendeu porque era, e questionou como poderia ser se acontecesse o mesmo fenômeno em outro lugar. isso é que é armazenar informações e construir pontes uteis entre elas.

a capacidade de refletir, discernir, pensar, construir e expor saiu de moda quando? quando foi que as construções pessoais passaram a ser coisas secundárias na nossa escala de prioridades?