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quarta-feira, 2 de junho de 2010

ócio também é cultura



final de semestre, aquele turbilhão de trabalhos a serem apresentados e aquele mundo de textos que temos que dar conta de ler.

tive um seminário sobre psicologia, consumo, mídia, publicidade e as interferências nos processos de subjetivação do sujeito. o mais legal é que eu usei no seminário, pra explicar e descrever esse bando de fenômenos, duas coisas que achei de bobeira no meu google reader. um vídeo muito interessante que achei no Update or Die falando sobre a invasão de uma loja de eletrodomésticos da paraíba graças a uma promoção em que vendia tvs por duzentos e noventa e nove reais. o saldo disso foram cinquenta feridos e um morto. outro artigo que vi no meu reader e foi útil demais na confecção do seminário foi o da Eliane Brum essa semana na época.

é muito fácil usar a mídia e a publicidade para falar delas mesmas, alguém diria. mas eu usei também os filmes 'as melhores coisas do mundo'; 'um sonho possível' e 'como treinar seu dragão', um texto do Calligaris na Folha e a coluna passada da Eliane num seminário de psicologia escolar.

tenho uma preguiça interminável de gente que acha que estudar é só ler o texto técnico que a professora passou, decorar e ir lá fazer prova. tenho um medo terrível de virar uma dessas pessoas que não tem 'tempo' de ir pro cinema porque está estudando. pode até ser que eu tenha a sorte de fazer um curso privilegiado, em que vivências de fora, os livros que li, os filmes que vi e mais do que tudo isso, as ligações que eu construi entre eles sejam relevantes de alguma forma na construção do meu conhecimento de maneira igualitária a repetir em forma de eco o que os outros pensaram e mastigaram antes de mim.

contudo, vejo uma preguiça presente nesse discurso. ler e decorar é tão mais fácil do que tentar fazer redes, correr atrás, refletir, compreender mensagens, associar, compartilhar e discutir os assuntos. textos mastigados de pensadores são estudar. ir pro cinema, ler o google reader ou o livro de Chico Buarque que Vini me emprestou são um ócio, e por isso não precisam ser priorizados. minha mãe vive dizendo que não me vê estudar porque eu só fico no computador. ledo engano. até o filme "O segredo dos seus olhos" foi interessante para fazer conjunção num estudo de caso que ocorreu nos EUA em 1970 e que estávamos estudando. me ajudou muito.

é claro que as coisas não mudam. claro que a sociedade contemporânea caminha pra encruzilhadas sinistras. como as coisas podem mudar se a gente não consegue perceber o que há de contéudo cultural, social, educacional, psicológico em todas as coisas? e sempre há. sempre. outro dia vi no meu reader como seria guerra nas estrelas se o george lucas fosse japonês. todo mundo de quimono, samurais e dragão. sensacional. alguém pensou no que já é, entendeu porque era, e questionou como poderia ser se acontecesse o mesmo fenômeno em outro lugar. isso é que é armazenar informações e construir pontes uteis entre elas.

a capacidade de refletir, discernir, pensar, construir e expor saiu de moda quando? quando foi que as construções pessoais passaram a ser coisas secundárias na nossa escala de prioridades?

2 comentários:

  1. acho tão lindo quando você fala tudo o que eu gostaria de ouvir e falar. =) sou só coração esse dois por você

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  2. comentei no texto anterior sobre o que se aprende fora das paredes da sala de aula antes mesmo de ler esse. você sempre me surpreende de maneira positiva, ju. penso da mesma forma, mas infelizmente percebo são poucas as pessoas que pensam assim na academia - que também não parece interessada em mudar esse modus operandi medíocre.

    pra mim, um psicólogo que só lê sobre psicologia será um péssimo profissional - e deus me livre de me relacionar com alguém tão pobre de referências.

    enxergar outros mundos, outras possibilidades, criticar, subverter, pensar... é sofrido às vezes, mas eu prefiro assim. e que felicidade me dá de encontrar colegas como você!

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