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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Abertura da copa do mundo.


Eu e meu pai na vista linda da ponta do Cabo da Boa Esperança


Eu e meu pai numa das cachoeiras do "The Palace of the lost city"


Cabo da Boa esperança


Na frente do The Palace, hotel localizado próximo a baía da Cidade do Cabo


Eu, adolescente,num calor danado no Cabo da Boa Esperança

Eu passei dez dias na África do Sul em 2004. Foi uma viagem inesperada e maravilhosa pra quebrar paradigmas. Infelizmente, não posso dizer que as coisas que ouvimos sempre sobre o país e sobre o continente em que ele se situa não sejam bem assim. Contra os fatos da pobreza, da fome, da doença e da violência não há argumentos né? Quando estive lá, a capital Joanesburgo detinha o recorde de cidade com mais estupros por minuto. Não sei a quantas andam as coisas por lá hoje em dia, mas sei que é nessa cidade que o Brasil vai jogar nos próximos dias. Posso dizer, contudo, que não vim aqui falar sobre as diferenças sociais porque disso certamente pessoas muito mais capacitadas do que eu já falaram exaustivamente.

Estando na África do Sul, passei por Joanesburgo, Cidade-do-cabo, primeiro hotel seis estrelas do mundo, Cabo da Boa Esperança e pelo Safari. De tudo, certamente o que mais amei foi a cidade do Cabo. Tenho certa resistência aos clichês, mas a cidade é extramemnte turística e acaba tendo vida pulsante, restaurantes maravilhosos, shoppings elegantes e uma grande oferta cultural. Meu pai voltou de lá cheio de cds de música africana - o nosso cantor favorito se chama Ismael Lo, recomendo.

Acho que esse foi o grande mérito da festa de abertura da copa hoje - muito mais do que as bandas americanas famosas usadas como chamarizes - foi a exploração da variedade da cultura musical local. Infelizmente, minha memória é uma droga e eu não vou lembrar dos nomes das pessoas, mas acho que foi super válido desmistificar que todo mundo da África bate o timbau e já ir abrindo as portas para a Copa de 2014 quando nós é que vamos mostrar que vamos além do berimbau e do pandeiro de escola de samba. Vamos além porque isso também é nosso, assim como a percussão é presente na África, mas não só.

Assisti a abertura toda e pude acompanhar um cantor antigo de lá cantando com uma moça revelação numa pegada jazz, um casal de cegos de Mali cantando um "afroblues" ( algumas de minhas definições musicais reducionistas eu pesquei do comentarista da Globo), uma mulher do Benin que tinha um vozeirão maravilhoso e cantava no "típico" estilo africano, um rapaz que fazia música política-folk de um jeito que combinava com jantar e vinho, um grupo de funk-rap que está bombando com a juventude africana, uma banda de rock experimental, uma banda de rock melódico (emo) que está bombando na Alemanha, um grupo do norte do Mali que se apresenta numa pegada árabe e um cantor da Somália que canta a não-oficial música pop tema desta copa. Ou seja, uma diversidade cultural enorme dentro do próprio nicho musical que foi brilhante, que proporcionou ótimos shows e despertou atenção para as formas de expressão das mensagens do outro, de outra realidade, fruto de outras vivências. Tirou, hoje na tv, as pessoas dos rótulos em que costumeiramente as amarramos - são africanos, e pops, rockers, dnaçantes, étnicos, árabes, do jazz, do folk...
Ainda teve a homenagem linda pro Madiba Mandela e pro Arcebispo Desmond Tutu - que vão merecer sempre o respeito pelo que fizeram. Eu gostaria muito de estar na África agora e de poder visitar o museu do Apartheid.

É isso que espero desta copa, que além de impulsionar o país ao avanço na sua "meta de educação", possa proporcionar um conhecimento mais amplo, a possibilidade se surpreender com as descobertas de coisas que julgávamos não existir, desse lugar ainda cercado de mitos e lendas no resto do mundo.

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