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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Piada pronta.



Penso que faculdades seguem um fluxo baseado no mais alto grau de sadismo possível que tem no afunilamento mental de fim de semestre o maior expoente do gozo com o sofrimento alheio já registrado. Em março e abril perdi as contas de quantas vezes o sono foi uma imposição tão mais interessante do que as aulas... mas agora, na derrocada final, maio e junho estou correndo uma são silvestre que - em três anos? sei lá? - descambará num possível (lendário) pódio (diploma?). Finjo que acredito nisso tanto quanto finjo que ir pra a faculdade é minha prática cotidiana. Mas até aqui, nenhuma novidade afinal qualquer ser que tenha tido a ideia de se meter num curso universitário nesse país tá careca de ser íntimo do deleite cruel dos finais de semestre. A melhor piadinha que já vi foi "final de semestre, vida inteligente na madrugada". Né?

Assim sendo, essa semana ( e bem no comecinho da próxima) eu precisava entregar uma entrevista com um estudante que estivesse estagiando em clínica para uma matéria, (coisa que fiz nos quarenta e cinco do segundo tempo, mas com muito prazer. Diria, de forma sutil, que minha turma tem um preconceito muito simpático com a psicanálise - infelizmente, bem fundamentado - o que me fez correr atrás que nem uma louca de um estudante que estivesse estagiando nessa linha teórica e não fosse completamente prejudicado mentalmente. aleluia. obrigada. amém), um seminário sobre a prática da dinâmica de grupo em instituições na cidade, um seminário sobre a visão behaviorista da consciência e do auto-conhecimento, a confecção e impressão de folders com a programação do forum de psicologia escolar que organizamos e será na sexta e mais uma prova de behaviorismo na terça, sobre comportamento verbal, regras e mais uns textos por aí.

Sorte minha estar metida em bons grupos, com pessoas capazes, inteligentes e responsáveis. Azar o meu que embora a aula comece as sete e trinta da manhã, chegando seis e quarenta na faculdade já não se acha onde estacionar, o que acarreta num belo passeio matinal no calor da bahia - que tem um tráfego muito charmoso, com motoristas muito educados, delicados e finos, confiram - até a faculdade. Mas a cereja mais docinha do bolo foi a gota dágua até mesmo nesse roteiro de pura sacanagem que é minha vidinha. Eu tenho milhões de defeitos - uma das brincadeirinhas mais jogadas entre os amigos é: insira uma moeda e critique Juliana ou fale sobre o quanto você morre de medo dela. A-d-o-r-o. (not) Mas, definitivamente, eu não sou uma pessoa grossa. Detesto grosseria na mesma intensidade que detesto babacas que acham que pagam mais IPVA que os outros ou que são mais bonitos que o resto da população e pensam que podem parar o trânsito porque é cômodo para eles e a humanidade que espere pacientemente ou tanto quanto detesto gente que vem com desculpa esfarrapada ou tanto quanto detesto gente que troca os amigos de sempre pelo namorado da estação. Pois é, enfim, detesto muito grosseria.

A pessoa aqui acorda numa dor de garganta doida, se acaba terminando um trabalho até tarde na noite anterior(só trabalhamos com última hora, desculpa brasil), acorda cedo porque a professora resolveu instituir que já que nós, queridos alunos do maternal dois, não chegamos no horário na aula dela, ela vai nos educar no super-nanny-wayoflife: quem passar de sete e quarenta não pode entrar na sala (um mimo, não é?). Meu grupo era composto por uma colega que tem neném que toma a última mamada as sete e por uma outra que tinha orientação de TCC as sete e quinze. Ok, já que eu sou mesmo a mais disponível,imprimi o trabalho e fui lá entregar. Até aqui, um dia de merda, mas nada de novo.

Daí que, meu grupo de outra matéria resolve pedir clemência para outra professora, vulgo, um adiamento para apresentar um seminário porque não conseguimos dar um passo pra a frente com relação a ele.
Cena: - professora fazendo ALOCKA completa, dizendo que ela não vai adiar o seminário coisíssima nenhuma, que nossa turma não quer nada com a hora do brasil, que ela não sabe porque essa resistência com relação a ela (tenho vontade de levantar o braço e sugerir que talvez seja porque ela disse para a sala toda coisas como "vocês me entregam essas coisas como se fossem resumos? FULANO, o seu está ruim, mas diante de outros catastróficos que li, até que te dei o ponto extra, não é" [ quero abrir um ps só pra dizer que a minha sala é uma das salas mais nerds que existem e todos os professores amam meus colegas profundamente] ou porque ela foi a bruxa do setenta e um constrangendo os coleguinhas em público, num banho de graciosidade com perguntas tipo " vocês pediram pra eu remarcar a data de apresentação para me mostrar ISTO? sinceramente?", mas depois repenso e acho que não será útil para a nossa relação esse tipo de clareza e esclarecimento e me calo. afinal, sou bondosa e deixo a professora seguir aquele ditado: as vezes a ignorância é uma benção). Passo a ser a porta-voz do grupo, na incrível arte de mendigar uma nova data implorando pelo não constrangimento de todos os envolvidos. Ela diz que não. Então, uma outra colega, de um outro grupo, chega na professora querida e pede pra apresentar o trabalho em outra data, porque a SALA inteira está organizando um forum que exige muito envolvimento, tempo e desgaste, impossibilitando que o grupo dela apresente com inteireza na primeira data pré-estabelecida, no dia X. A professora muda a data da colega para o dia mais conveniente. Sorri para nós e diz: então, vocês passam a apresentar nesta data, no dia X, no lugar do grupo delas, ok?

Uma pausa. Respiramos fundo. Estamos na completa merda e sabemos que agora não interessa mais que dia vamos falar de nada, o zero é um fato absolutamente consumado. E ela ainda vai pagar de boazinha porque mudou a data enquanto nos questionará se foi pra apresentar aquela porcaria que pedimos adiamento. Aceitamos a data nova e saímos.

Não é que hoje a professora querida, sorrindo para a turma, sugere um ponto extra para quem for ao forum (que toma um dia inteirinho) porque ela "quer ajudar depois do absoluto fraco desempenho na avaliação" e finge a maior surpresa quando as colegas replicam que somos nós mesmos que estamos organizando o forum?

Estou tão doente e tão cansada que mandei tudo pra a pqp, botei um pijama, catei umas pastilhas pra garganta e fiquei em casa ouvindo meu top10 de músicas de Chico Buarque num repeat infinito, chorando até morrer por tudo que digo e pelo que nem ouso cogitar dizer e tomando chá.

A tragédia é pouca, mas o pause é eminente.

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