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terça-feira, 28 de setembro de 2010

emails velhos, sentimentos novos



definitivamente, sou uma pessoa crítica. poderia até dizer - que seria cabível e coerente - que meu hobby das horas vagas é procurar defeitos em mim mesma, me queixar bastante deles, mostrar para mim como eu deveria ter feito tudo diferente naquela situação e morrer de culpa depois. por horas. dias. meses. anos. tem coisas que eu sinto culpa que, sei lá, são de cinco anos atrás? pois é. essa sou eu. senta aqui quem tem paciência.

mas hoje, eu estava sem fazer nada e resolvi ir mexer nos meus emails antigos e a partir daí pude concluir coisas realmente incríveis - as vezes eu penso em mim, na minha adolescência, com essa pouca condescendência que eu reservo pra mim mesma, penso em mim como alguém que era infantil, boba, ingênua, apaixonada, sem noção, alguém que não sabia nada mas hoje, relendo os emails dos amigos, dos namoradinhos, dos amigos virtuais eu me dei conta de que eu era uma pessoa mais aberta, mais tranquila, mais extrovertida, mais dada a viver com intensidade e coragem as coisas do mundo, mais ousada e mais clara com relação aos meus sentimentos do que eu sou agora. embora, inevitavelmente, por outro lado, hoje em dia eu seja mais madura, mais calma, mais racional, tenha mais certeza dos meus sentimentos, saiba me expressar com mais clareza e tenha mais paciência e menos desespero além de um senso muito maior de independência. e confesso, passei anos tentando mudar, mas a essência sentimental permanece intacta dentro de minha rígida casca.

de qualquer forma, foi uma surpresa MUITO agradável reler os emails. achei que eu ia ficar mal e coisa e tal, mas não foi nada disso. foi muito gostoso ver as coisas que eu vivi, como eu me diverti, como eu me permiti amar e ser amada, fazer burradas, dar risadas, falar sobre como eu me sentia.

sabe, tinha uma coisa que eu tinha culpa de toda forma e mesmo depois de quatro anos de análise eu continuava me cutucando com isso (acho que ainda me cutuco, não sejamos tão otimistas). e agora, depois de futucar essa caixa de emails, eu tô me sentindo bem pra caramba, completamente feliz e orgulhosa de mim, parecendo que alargou dentro de mim uma capacidade de me amar e de me compreender exatamente que há muito não aparecia - reli um email que eu mandei há mais de três anos e percebi coisas muito legais e maduras e uma postura de conciliação, reconhecimento de erros e clareza dos próprios desejos que a eu de hoje em dia reconheceu e admirou - confesso que fiquei pensando "mas meu Deus, como eu tive coragem de ser assim tão transparente?". em compensação, uma pessoa que eu trago na mais elevada estima, se despedia da minha caixa de emails com uma resposta digna de criança birrenta e zangada. e me deixando cheia de culpa.

o que eu tenho pra falar? querida juliana de seus dezesseis, dezessete anos, me desculpa quando eu não me ligo, mas ás vezes ó, vou te contar, as vezes você é do caralho. ás vezes eu fico besta com as coisas bonitas e corajosas que você arranja jeito de fazer.

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