Pesquisar este blog

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ah, o amor...




"É um vício necessário. Talvez o que faço melhor. Fico pronto para me despedaçar.
Não estou sozinho. Recebo companhia a cada minuto na nau dos insensatos.

No amor, em algum momento, você terá que ser ingênuo e acreditar. Terá que largar uma vida, refazer sua vida. Terá que abandonar a filosofia pessimista, a inteligência solteira do botequim e se declarar apaixonado. Terá que ser incoerente, contradizer fundamentos inegociáveis. Terá que rasgar a certidão negativa, a proteção bancária, os manifestos de aversão ao casamento e filhos.

Não dá para ser esperto sempre. Não dá para ser experiente sempre. Don Juan e Casanova também se quebraram. Napoleão e César também foram derrotados na intimidade. A ingenuidade é um poder terapêutico. Nada pode ser mais traumático e mais libertador dos costumes. É um instante definitivo e raro no relacionamento. Quando confiamos que será diferente, que somos eleitos por uma constelação de símbolos e casualidades, quando desistimos das armas e das reservas para se apresentar absolutamente disponível e vulnerável. Não há mentiras e formalidades, frases espirituosas e comentários sarcásticos. Há apenas uma burrice infindável, o beiço e a intenção de se entregar para uma mulher seja como for.

Pena que a ingenuidade tem que acabar mal. Caso contrário, não era ingenuidade, era sabedoria."

Fabrício Carpinejar, " A culpa é do Keep Cooler"

Nenhum comentário:

Postar um comentário