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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Intimidade.

Intimidade eu sempre tive foi com as palavras. Desde pequenininha eu já era falante, ainda que balbuciante. E desde sempre, tento fazer da minha arma mais forte - a palavra - uma extensão do meu sentimento, quero palavras que abracem as pessoas que eu amo quando meus braços não podem abraça-las. O resto das intimidades virou uma construção contínua mesmo. Mas, eu posso ser a exceção até, mas eu adoro intimidade, acho intimidade uma delícia. Não existe nada mais compensatório do que simplesmente poder se ser ao lado de alguém e assim ser amado e acompanhado. Beijar, abraçar, agarrar, transar - tudo isso é uma delícia. Mas, beijar com aquele beijo que você sabe que excita a pessoa, abraçar porque você só de olhar sabe que a pessoa não está bem, agarrar num lugar que você sabe que a pessoa nunca tinha imaginado e transar em todas as posições estranhas possíveis e poder dormir sorrindo depois, sem pensar no que o outro está pensando - eis o charme imprescindível da intimidade. Intimidade é conhecer e não apesar de, mas aceitando o que se é. Eu gosto da minha vida com gosto e cheiro de intimidade - seja cheiro de meia de chulé no meu cesto de roupas, seja escova de dentes molhada na bancada da minha pia ou a permissão para acordar descabelada, cheia de maquiagem borrada ou qualquer coisa. Até mesmo tenho absoluto tesão por pijamas, acho uma delíca que minhas amigas ouçam que eu falo sozinha dormindo, que meus amigos me visitem no hospital com meningite - e com cara de doente, e com aparência de doente, e sem nenhuma paciência para vaidades (sempre me sinto assim quando fico doente), acho maravilhoso compartilhar tristezas, vômitos e palavrões. Sossego desse mundo de aparências assim - deixando minha alma não pensar em frescuras por algumas horas, deixando minha alma colocar os pés em cima da mesa, bocejar e fazer coque no cabelo. Intimidade é a minha salvação ante a solidão. Intimidade, não é uma merda. Uma merda é o nosso medo do vínculo afetivo e amoroso, medo de coisas que nos permitam ficar e de que alguém nos conheça como somos - afinal, da porta para fora, todos são lindos, loiros,escovados e de mini-saia. Com essa concorrência utópica, como saber amar o chulé?

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