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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

4x verdade




Eu recebi um email lindo de Livinha hoje. Não quero entrar nos pormenores da coisa porque é íntimo e tudo o mais mas eu fiquei feliz e mal ao mesmo tempo. Me explico: ela me parabenizava pela coragem de ter me oposto ao que era esperado de mim para ir atrás de resolver minhas dúvidas, por me recusar a empurrar com a barriga, por querer ser feliz. Achei lindo ela ter me mandado esse email, achei de uma delicadeza...



O problema número um é que não é verdade isso. Eu não estou sendo responsável por cosíssima nenhuma. Eu estou apenas dando vazão a meu jeito de lidar com as coisas que não sei e que não quero lidar: estou fugindo, evitando, caindo fora. Vale lembrar que essa é a segunda faculdade que eu tranco. Não estou sendo responsável com o eu eu quero da minha vida, estou sendo eu mesma e usando uma estratégia não apropriada - fugir das coisas que são ruins - que é o que eu sempre faço com tudo, pessoas com as quais me desiludo, matérias que são chatinhas, brigas que eu não quero ter, problemas futuros que eu crio na minha mente e antecipo (como eventuais chefes problemáticos, dificuldades na área de trabalho e até mesmo distâncias grandes de casa pra a faculdade). Eu vou abandonando as coisas e arranjando mil justificativas para tudo que faço, e fazendo quase todo mundo acreditar que eu sei o que estou fazendo e que estou fazendo o melhor. Ou pelo menos até agora todo mundo tinha acreditado nisso.



O problema número dois é que eu não faço ideia do que me faria feliz e não tenho nenhum objetivo pelo qual sinta que devo despender energias correndo atrás. Até me inscrevi num vestibular para Relações Públicas mas realmente não faço ideia se é isso que eu quero e se eu não vou ter ganas de faltar a faculdade e trancar no primeiro professor chato que aparecer, sabe? Basicamente, a soma de 1 + 2 é o resumo de toda ópera da minha vida: a completa noção de que eu não faço a menor ideia do que fazer + o completo pavor de fazer qualquer coisa que possa eventualmente vir a dar minimamente errado me impedem de fazer qualquer coisa. É mentira portanto, e uma mentira convencionada, que eu estou sendo corajosa e lutando pelo meu destino de felicidade. O que eu estou sendo é frouxa e irresponsável e me recusando a adultescer e administrar qualquer tipo de responsabilidade que inclua alguma espécie de desprazer. A felicidade pra mim é ter dois meses assim, pra ler quantos livros eu quiser, ir ao teatro, ir a uns shows, ir tomar sorvete com um amigo no meio da tarde de quarta-feira. Infelizmente, a vida não pode ser isso...não é? Virar adulto não é uma opção que se adequa a sua personalidade, é uma eminência do correr natural da vida, eu acho.

Esse email lindo me fez lembrar disso, dessa minha constante sensação de estar enganando todo mundo sobre quem sou, o que faço e como me sinto e de como sou realmente boa nisso. Na mesma medida que recebo carinho, percebo como é fácil ser sozinha.

Não fui fazer a segunda fase da OAS. Ainda não paguei a inscrição do vestibular da UNEB - que termina amanhã. Ainda não fiz minha mala pra viajar amanhã.

Enfim. Livinha, você é linda, obrigada por todo o cuidado.

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