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sábado, 28 de agosto de 2010

o sexo na cidade



então ontem lá pra uma da manhã a gente tava sentado numa mesa do nosso point de fim de noite, a.k.a Frans Café, falando de sexo. quatro homens e duas mulheres. primeiro, vale ressaltar que abri minha mente para o mundo - nunca tinha manjado o que é first fucking - nem sabia que isso existia, na verdade (é assim que escreve?) -e agora que manjei já defino que na minha terra, o nome disso é parto e seus orgãos internos agradecem.
sabe, pode ser de ser tudo uma grande viagem minha, até porque falar de sexo é uma coisa bem delicada - a qual eu nunca me atrevi antes na vida - mas eu fico meio assustada com esse mundo, com essa geração, fico prestando atenção em como estamos perdendo o jeito para simplesmente aproveitarmos as coisas, sabe? como diz o Jorge Forbes, é uma coisa meio "elogio do excesso".
sexo é bom? é. tem que ser, eu acho. fomos preparados naturalmente, biologicamente, com um corpo com recursos para gostar de fazer sexo para atender pressupostos básicos, inclusive. então porque a gente incrementa tanto o sexo, deixando o sexo em si não ser suficiente?
vivemos nessa época tão louca, tão correndo atrás de um curtir a vida adoidado, onde todo mundo brada tanto o quanto goza, como goza, com quantos goza, onde goza, etc etc etc que virou mais uma competição provar quem curte mais que o outro.
nada contra as fantasias - e cada um na sua né - mas acho que daqui a um tempo vão reduzir a coisa de uma forma que só vai ser possível ter sexo bom se for com sete pessoas, ou com um liquidificador, ou com uma batata doce ou com um travesseiro de fronha de personagem de mangá (alô japão) num espiral infinito onde quanto mais se exige esse gozo sem fim mais se cobra por ele e mais se perde o tesão. transformar prazer em missão é um lance meio arriscado, na minha concepção.
até porque, vê bem, se você sabe que vai sair com um amigo hoje, o que você faz? coloca uma roupa confortável, prepara seus melhores assuntos, prende o cabelo de um jeito que não te incomode e opa, lá vão vocês. o amigo em si, o encontro em si, o seu conforto em si, a sua vontade de estar ali são coisas tão naturalmente boas que a sua tarde acaba sendo sensacional, que você curte muito, que você se predispõe a viver na inteireza: você coloca o pé no chão, você ri de você mesma, pode ser que você tropece e caia e tudo vai continuar bem. agora imagina que você vai sair pela primeira vez com aquele cara que você paquera a uns cinco anos pra um jantar num restaurante elegantíssimo: tá lá você nervosa, com um vestido lindo mas nada confortável, no seu maior salto, super preocupada com o que vai dizer, com uma maquiagem que não te deixa coçar os olhos e tensa com aquela vontade de agradar. me diz, como é que você vai poder curtir com tanta pressão, sabe? mais uma vez você transforma algo que você quis muito, que devia ser bom pra caralho, em algo que vem cheio de pressões, de exigências, de modelos, algo que não pode ser bom por si só.
pra mim esse negócio de ter que ter cavalos (CAVALOS? pelo amor de DEUS!); sete pessoas ; amarrações ; vela queimando o outro ; três vibradores ; xixi ; etc (nada contra né, cada um na sua) é aquela coisa de subterfúgio que a gente usa pra variar, mas depois fica meio receoso do tipo: e se depois disso o de antes não for suficiente?
a gente coloca tanto enfeite no meio de um processo tão simples que pra mim parece aquele povo que tá de dieta e por isso tá comendo salada - a pessoa não gosta de salada, então ela joga sete molhos, batata palha, torrada, croutons, maionese e o que mais vier, porque sim, ela tá comendo salada mas ela não quer nem sentir o gosto. acho um perigo quando a gente perde o gosto das coisas da vida ou quando a gente precisa de tanto que o simples nunca mais pode ser especial.

3 comentários:

  1. só você mesmo para rimar sexo com salada e soar tão perfeito. concordo com tudo aí. *:

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  2. Juliana, boa noite! Conheci seu blog hoje, por acaso, e adorei! Você escreve muitissimo bem além de abordar temos "polêmicos" (?!) de uma maneira tão natural... tão ótima nas comparações!

    Parabéns!!!
    Adorei e virei leitora!

    Patrícia

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  3. Oi Ju, lembra de mim? Me esbarrei no seu blog viajando aqui pela net. Adorei o esbarrão!Uma boa surpresa nesta tarde de sábado.
    Concordo com vc e to ficando meio radical nas minha convicções... To começando a achar que, nesta geração, rebeldia é ser careta.
    E fico aqui, saboreando a minha salada (eu gosto de salada, mas gosto de outras coisas tb) sem precisar dos 7 molhos com maionese. Aproveitando o "antes", o pé no chão, a vida cotidiana mesmo...
    Bjos!

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