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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

que maravilha



ser gênia é a minha sina, algo facilmente comprovável. eu, este protótipo de ser humano, que chora no cinema até em filme sessão da tarde (alô você que chorou na historinha do unicórnio em 'meu malvado favorito', vemnimim), que chora até quando as crianças pequenas ficam embaraçadas em apresentação da escola e começam o chorôrô e que chora até em casamento de primo de sétimo grau resolvi logo cursar a PSICOLOGIA, graduação para quem quer ser PSICOLOGO. sabe psicologo, aquele profissional que AUXILIA com algum grau de razoabilidade, racionalidade e imparcialidade as pessoas que tem problemas e ou dificuldades? pois é. mas me diz, como é que eu fui me meter nisso? já desisti de procurar os estágios mais interessantes do mundo porque né, eu não dou conta. não a.d.m.i.n.i.s.t.r.o.
Fui pra um dia-de-palestra com Maria Helena uma vez, ela é uma das bam-bam-bams do Quatro Estações, instituto que dá conta de atendimentos de emergência em situações de catástrofe/desastre. Quando o avião da Tam, por exemplo, caiu nas casas ali ao redor de Congonhas em São Paulo, os pciologos do Instituto logo foram contatados para fazer atendimentos que se iniciavam ali mesmo na calçada. A mesma coisa com a enchente de Santa Catarina. A mesma coisa com o acidente do buraco do Metrô de São Paulo. Eu ouvia as histórias dela e só conseguia pensar: se nêgo chega em mim lá no passeio, com mil bombeiros apagando fogo de destroços de avião com gente que era da família dessa pessoa, pra me dizer que sei lá, o noivo dela que ia casar na semana seguinte acabou de morrer lá dentro, que atendimento eu faço? nenhum, eu abraço e choro, muito provavelmente.
Esse é um problema muito sério pra mim, sabe? Eu chamo isso de 'incapacidade de virar adutla' que também pode ser chamado de 'incapacidade de virar mãe'. Quando meu irmão fica doente, por mais sério que seja, minha mãe mantém a sanidade, continua fazendo as coisas e cuidando dele com um altíssimo grau de razoabilidade. Eu ligo pra ela se a febre dele subir, hum, vamos ver, 0,2? Fato. Não consigo me importar com a disposição de roupas num cabide, durmo em cima da colcha, não me importo de me alimentar de cup noodles para não ter que lavar panelas, não me lembro que preciso calibrar os pneus e não tenho estrutura emocional para solicitar ao comissário de bordo que me sirva de mais guaraná sem que ele se ofereça - se ele não me oferecer o guaraná, pode ter certeza que eu fico com sede.
Toda vez que penso na eminência de muitas pessoas em sofrimento esperando por conforto e ouvidos imparciais eu me desespero. Eu não estou muito certa de que eu tenho a capacidade de fazer isso. E olha que eu entrei na faculdade super afim de trabalhar com CLÍNICA. Um beijo pra quem não tem bom senso nem autoconhecimento suficiente, né verdade.
Durante muito tempo eu achei que essas eram questões ligadas a minha adolescência/juventude, que quando eu de fato crescesse isso mudaria. Bom, estamos aí com 21 anos e seguimos nessa vida - o que me faz crer hoje em dia que, eu só mudaria se eu tivesse um filho/ quando eu tiver um filho porque a eminência de uma vida que inteiramente depende dos meus esforços e conehcimentos durante um tempo deve ser combusítvel suficiente para que eu tenha coragem de agir e de me acalmar. Enquanto o filho não vem, eu já estou no sétimo semestre da faculdade e me dou conta que por razões óbvias como facilidade de comunicação e o desejo e vontade de trabalhar com adolescentes/jovens somado a inabilidade de lidar diretamente com o caos mental das pessoas me leva pela mão a docência. E a docência me leva pelas mãos a pesquisa. Seria tudo ótimo, eu seria uma gênia e teria achado uma solução.
Lêdo engano. Eu tenho medo da pesquisa. Tenho medo de não conseguir dar conta das demandas temáticas da pesquisa - violência sexual? suicídio? grupos de terapia de pacientes terminais? - embora ela me pareça um caminho natural já que, por exemplo, quando eu vou pra uma seleção de estágio numa área organizacional, por exemplo, eu sei que não tenho o perfil e nem sequer o desejo de ganhar aquele estágio. Já no caso da pesquisa, eu sou curiosa, gosto de ler, gosto de escrever e gosto de trabalhar em equipe.
Estou - atrasada, para ser bem tipicamente eu - pegando Pesquisa Acadêmica 1 na faculdade e estudando os processos de pesquisa. É chato de doer, mas não é que me formiga? Que me desperta um interesse? Sei que vou descobrir muito sobre pesquisa esse semestre e inclusive sobre o grupo de pesquisa da própria faculdade que está sempre recrutando alunos. Quero me inscrever. Agora me diz: cadê meu adultismo e minha coragem? Será que nisso eu consigo seguir adiante?

2 comentários:

  1. Querida, eis as palavras de uma jornalista que odeia gente e não tem paciência para ouvir os outros: tudo se ajeita. Logo você encontra o seu espaço, ou cria, ou se acostuma. Se vc acha que, num momento de sofrimento, abraçará as pessoas, significa que vc tem humanidade. E eu, que na primeira matéria que fiz na TV fui a um enterro? Como chegar ao velório de uma criança e perguntar à família "o que eles sentem"? Mas eu encontrei o meu espaço. Você só tem 21 anos, se dê tempo. Em pouco tempo, a gente cresce muito, acredite. Beijos!

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  2. Hum...acho que você está precisando de um psicólogo! rsrsrsrs! Parabéns pelo texto!

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