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sexta-feira, 5 de março de 2010

Bem vindo a Salvador.


isso é que é música (not)


Obviamente, todos os dias eu vou com mp3 e fones de ouvido para a academia porque não rola de ficar malhando e ouvindo música eletrônica ou axé. Posso me vender ao sistema corporal que exige que meu corpo seja assim e assado para eu ser feliz, mas o sistema sonoro baiano que exige que eu curta tal tipo de música pra ser incluída e animada eu faço questão de continuar desdenhando e não tô nem aí. Sem placa de "vende-se".
Daí que hoje por causa da pressa eu esqueci de levar meu mp3! Cheguei na academia, subi na esteira e vi que tava tocando Kid Abelha no Dvd. Me lembrei que podia ser muito pior, então eu fiquei feliz. Rapidinho, trocaram o dvd. Vi um cara entrar de terno. Um outro de blazer. Somei quatro barbas. E pensei "não pode ser, puta que pariu, é Los Hermanos?". Malhei cantando. Feliz da vida por estar na academia de ginástica, local ocupado por pessoas que eu pessoalmente discrimino e estar ouvindo uma música com letras que fazem sentido! Ergui as mãos e dei glória a Deus.
Alegria de pobre dura pouco, é o que dizem. Parece que enquanto eu malhava cantando, algumas pessoas menos nobres de espiríto organizaram um motim e o dvd foi trocado. Ouvi as pessoas pedindo "Chiclete com Banana". Começou a tocar animadamente no DVD. Me resignei calmamente, já estou acostumada a ser minoria na Bahia, que diferença ia fazer ser minoria na academia? Comecei a ouvir as conversas sobre o nível das pessoas que frequentam a Trivela ( festa do Asa de Águia, para alguma boa alma que não saiba) e o Ensaio Geral (festa do Chiclete com Banana), as conversas sobre a coleção de bandanas de Bel e seu patrimônio e algumas comparações entre Los Hermanos e Detonautas.
Eu podia ter ficado na minha. Com certeza eu podia. Mas é o que minha mãe diz de mim todo santo dia: sou radical demais. Louca, alguns dizem também. E eu tava lá em cima da esteira, já era a gordinha freak que conhecia Los Hermanos, já era a gordinha freak que sabia cantar quando Toni Garrido cantava música de Belchior no DVD, já era a gordinha nerd de óculos verde da academia então, depois de um breve período tentando controlar meus instintons antipáticos, liguei o foda-se e fui ser feliz.
Chamei o dono da academia (a.k.a um dos melhores amigos de meu pai, que também malha lá nos finais de semana em que não está morando na boa e recheada de museus, cidade de São Paulo) e disse alto, bem marginal, bem antipática, com um tom quase de como se eu fosse superior só por gostar de uma merda de banda (ó, grandes merdas hein? ZzZZzz) bem perto da galera feliz que curte axé, balança o bracinho e canta bem alto: "Poxa, meu querido. Você tem um dvd de Los Hermanos! Que coisa ótima! Tô super feliz que você é amigo de meu pai. Futuro promissor!"
Coxixos pela academia. Pronto, agora eu sou a gordinha nerd excluída antipática caída de Marte da academia. Mas grandes coisas, eu já era tudo isso quando resolvi nascer na capital do axé, mesmo, então, não mudou tanta coisa. Me senti vingada. E me senti bem vinda a Salvador. E nunca mais esqueço o mp3.

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