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quarta-feira, 17 de março de 2010

Tudo pode dar certo?


O título desse filme, na versão original é "Whatever Works" e foi traduzido, no Brasil e em Portugal, como "Tudo pode dar certo". Eu ficaria muito feliz se algum dia nessa cidade tão maravilhosa que é Salvador eu pudesse assistir esse filme no cinema - mas como todos os meses (desde Janeiro) a sua estréia é planejada e cancelada, vejo que nem tudo pode dar certo e aguardo o dvd, depois de já ter lido todas as (boas) críticas.
A questão, pra mim, é o ponto de desespero, paranóia, solidão e absoluta desconfiança no mundo e nos seres humanos que uma pessoa precisa alcançar para se autorizar a abandonar tudo que acredita, todos os seus ideais, o seu sistema de crenças e valores e o jeito como conduziu sua vida para abraçar 'seja lá o que funcione'. Como sobreviver a chegada deste tal momento da vida em que devemos abandonar as aspirações românticas de nossas juventude e começar a apelar para o que de fato funciona? Devo me proclamar uma senhora de vinte e um anos, então? Simplesmente resignada a abdandonar as ideologias bobocas que me movem em troca do que de verdade funciona? As pessoas que costumavam estar ao meu redor são mais espertas que eu e isso já fizeram há tempos. Não sou chegada em papos "socialistas" e muito menos em idéias de "revolução do movimento" mas ao que parece sou a última romântica de qualquer lado do oceano atlântico!
Mais triste ainda é quando você percebe que as coisas que você deixou para trás ficaram de verdade para trás e tampouco as coisas novas que você abraçou funcionam. E aí eu poderia citar todos os personagens neuróticos do Woody, falando demais sem ninguém necessariamente estar ouvindo, tentando organizar as coisas de forma a ter sentido para que esse fenômeno exaustivo e terrível que é simplesmente existir possa ser apaziguado. Alguns se relacionam, outros são camaleões, outros não sabem o que querem, alguns são completamente insanos e outros são a definição clássica e caricata do que a psicanálise define como um neurótico, simples assim. E não vejo exatamente as coisas darem certo para nenhum deles. E se a vida imita mesmo a arte,tudo pode dar certo para quem, cara pálida? Só me resta o luto pelos meus sentimentos desgarrados ao vento sem o barulho ou a poesia das folhas. No fim, sou eu que vou dizer tchau.


ps. Mais quatro dias nesse ritmo, pra eu terminar de elaborar o luto de uma parte grande da minha vida. Depois, programação minimamente aceitável e textos com algum propósito. (cof, cof)

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