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domingo, 21 de março de 2010

Eu quero um gole de cerveja no seu copo.


"Não quero o que a cabeça pensa. Eu quero o que a alma deseja."

O problema é que o orkut está certo quando diz que se queremos coisas que nunca tivemos, devemos agir completamente diferente para poder obtê-las. E certas coisas eu tenho mesmo grande dificuldade para largar: eu gosto de livros, canecas de chá ou chocolate quente, filmes, seriados, poucos amigos reunidos para conversar ou jogar baralho ou imagem & ação. Não gosto de carnaval, não gosto de music-bar, não gosto de boate, não gosto de multidão. Daí quando a vida te impõe condições extremamente duras e você se decepciona com grande maioria das pessoas que te cerca (porque você tem um cerebro que raciocina sobre as coisas e também um coração que sente sobre as coisas), o que te resta é querer coisas diferentes. Mas aí você se depara com a sua própria simplicidade interior e sua falta de vontade de mudar as coisas exteriores - no fim, de todas as escolhas, você fecha com a solidão. O que não é de todo ruim, sabe, as vezes, para poder ficar de verdade com os outros - e não ficar para ser amada, ou para ser aceita, ou para ser querida, ou para ser necessária, ou porque se está carente - é preciso que se tenha estado primeiramente consigo, com seus próprios limites, suas próprias dissimulações, as piadas das quais se ri sozinho e principalmente é preciso estar muito ciente sempre de até onde você está disposto a ir para obter algo e como isso se transforma em você cobrando dos outros aquela mesma postura. Eu só queria um pouco de paz. Um pouco de conversa entre um livro, um episódio de seriado e um filme no cinema. Eu só queria não estar tão sozinha - mas entre a solidão e a falsidade, a solidão me abraça e me abarca e me preenche tanto de mim que é a escolha final e assim será. As novas atitudes animadas me parecem banais. Continuo agarrada nos livros e fazendo piadas com Freud. Continuo sendo radical nos meus pontos de vista éticos, morais e sentimentais.
Se o preço a se pagar é ficar sozinha, abraço o Belchior, bebo uma cerveja no copo dele e digo a vida, cantando no meu tempo de ouvir o rádio no carro, num tempo que eu comando: "vida, pisa devagar, meu coração cuidado é frágil, meu coração é como vidro, como um beijo de novela. Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão, o meu sonho, a minha fúria, esta pressa de viver..."

PS.Acho que o fato da pessoa amar Belchior já deixa claro a dificuldade natural que ela tem para se inserir e socializar nesse universo e já é um sintoma da solidão que ela vai sentir cada vez que tentar transformar-se junto de grupos de pessoas dos seus próprios vinte e poucos anos. Meu coração selvagem que o diga.

2 comentários:

  1. seus textos são tão coesos que me deixam sem ter o que comentar. só te digo que paulinha disse sofrer por gostar de joão bosco. não por ter que se inserir, mas por que toda vez que ela procura por uma música do joão bosco na internet, sempre acaba saindo um joão bosco e vinicius (google it).

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  2. colei um trecho pro meu namorado e ele disse que enquanto lia, achou que eu tivesse escrito. queria guardar cada pedacinho desse texto - e de outros que descobri assim, tão tardiamente, aqui - na minha memória. é nesses pequenos fragmentos que encontro 'compannhias' pra minha própria (querida) solidão. :)

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